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Polícia Federal se opõe a novas delações premiadas na Operação Lava-Jato

Em pelo menos seis casos houve contradições entre diferentes delatores, e os investigadores não puderam definir quem falava a verdade (Foto: Reprodução)

A PF (Polícia Federal) tem defendido nos bastidores que não se faça mais nenhum acordo de delação premiada nas investigações da Operação Lava-Jato. Na avaliação de integrantes da PF no Paraná, já foi recolhido material suficiente ao longo dos dois anos e sete meses em que a operação está em curso para que apurações próprias sobre o esquema de desvios na Petrobras sejam feitas, sem precisar de ajuda de delatores.

Para a polícia, um exemplo é a operação de semana passada que prendeu o ex-ministro petista Antonio Palocci, que chefiou a Fazenda no governo Lula e a Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff. A ação investiga o elo de Palocci com a empreiteira Odebrecht, que está na reta final na negociação de acordos de delação premiada e leniência com os procuradores ligados à Lava-Jato.

Com a análise de planilhas da empreiteira apreendidas em fases anteriores combinada a delações já firmadas, o delegado Felipe Pace, da PF, concluiu que Palocci é o citado “italiano” que aparece nas citações da Odebrecht. O petista, que cumpre prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro, nega.

A mesma informação consta nos anexos da pré-delação de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro da empreiteira, em negociação com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele está preso desde o ano passado. Além disso, membros da PF destacam que a sensação de impunidade perante a sociedade irá aumentar caso mais colaborações sejam fechadas com a Justiça.

Desde que a primeira fase da Lava-Jato foi deflagrada, em março de 2014, foram celebrados 66 acordos de delação premiada e quatro de leniência (com as empreiteiras Toyo-Setal, UTC, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez). Se a Odebrecht tiver êxito na negociação, esse número pode superar a casa da centena, já que a empreiteira negocia a delação de mais de 50 funcionários do grupo.

Para a polícia, outro elemento que dificulta a celebração de novas delações é que presos da Lava-Jato começarão a ser soltos, como é o caso do doleiro Alberto Yousseff, um dos principais personagens do esquema. Ele vai para o regime aberto em novembro, após dois anos e quatro meses de cadeia. Moro também compartilha da mesma preocupação em relação a novas delações. (Folhapress)

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