A PF (Polícia Federal) vai analisar as imagens das câmeras de segurança do edifício Residencial José da Silva Azi, em Salvador (BA), onde foram encontrados R$ 51 milhões dentro de um apartamento vazio na última terça-feira (6).
O proprietário do apartamento informou à PF que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). O dinheiro foi apreendido na Operação Tesouro Perdido, uma das etapas da operação Cui Bono? (“A quem beneficia?”, em latim), que investiga Geddel.
O superintendente da PF na Bahia, Daniel Madruga, informou que a polícia já está levantando as imagens das câmeras de segurança.
“Esses levantamentos estão sendo feitos para tentar identificar quem eram as pessoas que acessavam o apartamento”, disse Madruga.
A Folha de S.Paulo esteve no edifício na tarde desta quarta-feira (6). Funcionários do prédio, contudo, não quiseram dar informações sobre a movimentação de pessoas no apartamento onde foi achado o dinheiro.
O prédio tem câmeras de segurança na entrada principal, para acesso de pedestres, e na entrada da garagem.
Na terça-feira (6), o morador do apartamento vizinho ao que abrigava o dinheiro disse ter ficado surpreso com a descoberta.
“Não imaginei estar ao lado de tanto dinheiro”, afirmou o petroleiro aposentado Eduardo Barreto em entrevista à TV Aratu, da Bahia.
Barreto disse ainda que não percebeu nenhuma movimentação suspeita no apartamento ao lado.
Apartamentos vazios
Construído em 2015, o prédio tem vários apartamentos vazios e disponíveis para venda. Parte deles ainda pertence à construtura que ergueu o empreendimento.
O próprio apartamento 201, onde foi achado o dinheiro, está sendo anunciado para venda por R$ 520 mil – preço promocional, informou a imobiliária. Possui três quartos e 92 metros quadrados, além de área comum com salão de festas e espaço gourmet.
Os R$ 51 milhões achados no local dariam para comprar cerca de 98 apartamentos iguais ao que abrigava a fortuna.
Prisão de Geddel
Geddel Vieira Lima foi preso em julho deste ano pela Polícia Federal, na Bahia. A prisão é preventiva – sem prazo determinado de duração – e foi determinada a pedido do Ministério Público e da PF, para quem o ex-ministro de Michel Temer tentou atrapalhar as investigações. A PF deflagrou em janeiro a operação Cui Bono?, que mirava Geddel e sua gestão na vice-presidência de pessoa jurídica na Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013. A investigação começou a partir de elementos colhidos em um antigo celular do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Tornozeleira
O ex-ministro está há quase dois meses cumprindo prisão domiciliar em seu apartamento em Salvador, porém sem tornozeleira eletrônica. O governo da Bahia já comprou os equipamentos, que estavam em falta no Estado, porém eles ainda não foram entregues à gestão estadual. (Folha de S.Paulo/AG)
