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Por que é o ministro Alexandre de Moraes quem mais decide sobre Bolsonaro no Supremo? Entenda as regras

Explicação para este cenário envolve regras internas do STF, além de um sistema de sorteio eletrônico. (Foto: Fellipe Sampaio/STF)

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), se tornou figura central no julgamento de investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele concentra as relatorias dos principais processos relacionados à tentativa de golpe de Estado e outros episódios ligados à desinformação e ataques às instituições.

A explicação para este cenário envolve regras internas do STF, além de um sistema de sorteio eletrônico.

Concentração de casos segue regra de “conexão”. O regimento interno da Corte prevê que, quando um ministro já conduz um inquérito, pode permanecer como relator de novos casos relacionados — mecanismo conhecido como “prevenção” ou “conexão”. Foi o que aconteceu com Moraes, a partir do inquérito das fake news, aberto em 2019, como explica Marcelo Crespo, coordenador de direito da ESPM.

A partir desse inquérito, desdobramentos ficaram sob a relatoria dele. A investigação original passou a abranger temas como as milícias digitais, os atos antidemocráticos de 2020, os ataques de 8 de janeiro e, mais recentemente, a tentativa de golpe atribuída a Bolsonaro e aliados. Como todos esses fatos foram considerados conexos, foram anexados ao escopo do mesmo relator.

O sorteio eletrônico é a regra — mas há exceções. O STF distribui seus processos por meio de um sistema informatizado, impessoal e auditável. No entanto, em situações de conexão, redistribuição ou prevenção, a Corte permite que novos processos sejam direcionados a ministros já responsáveis por casos anteriores, sem necessidade de novo sorteio, diz Alessandro Batista, advogado e sócio do ABN Advogados.

Poderes

O relator tem poderes amplos. Conforme o artigo 21 do Regimento Interno do STF, cabe ao relator conceder liminares, ordenar diligências, negar pedidos e, em certos casos, decidir monocraticamente — sem levar o tema ao colegiado. Essas decisões podem ser tomadas especialmente em contextos urgentes ou quando já há jurisprudência consolidada.

Moraes tomou decisões monocráticas em diversos momentos. Prisões, buscas, bloqueios e autorizações de inquérito foram frequentemente determinadas por ele sozinho, com base nos poderes que o regimento lhe confere como relator. No entanto, para que Bolsonaro seja responsabilizado penalmente, será necessária aprovação colegiada.

A revisão colegiada pode ocorrer, mas nem sempre é imediata. As decisões do relator podem ser submetidas à Turma ou ao Plenário, seja por provocação de outras partes, seja por iniciativa do próprio ministro. Quando isso não ocorre, a revisão só vem no julgamento final, conta Diógenes M. Telles, advogado especialista em direito constitucional. (Com informações do portal Uol)

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