O segundo dia do Seminário das Inspetorias do CREA-RS teve como destaque a apresentação do projeto do Porto Meridional em Arroio do Sal, reforçando o papel da engenharia no desenvolvimento logístico e econômico do Litoral Norte gaúcho.
Realizado em Xangri-lá, o segundo dia do 40º Seminário das Inspetorias foi marcado pela palestra magna do Eng. Civ. Edson Brum, que apresentou os detalhes históricos e técnicos do projeto do Porto Meridional, considerado uma das iniciativas mais estruturantes para o futuro da infraestrutura do Rio Grande do Sul. A proposta representa uma virada na matriz econômica da região, tradicionalmente voltada ao turismo e à construção civil, e posiciona Arroio do Sal como potencial referência portuária no Estado.
Brum iniciou sua fala destacando o trabalho do Eng. Civ. Fernando Carrion, responsável pela estruturação e análise dos estudos de viabilidade da obra. Também resgatou a origem histórica da ideia, que remonta ao século XIX, quando o imperador Dom Pedro II contratou engenheiros ingleses para estudar a construção de um porto ao sul de Santos. Na época, a área de Torres era a preferida, mas articulações políticas levaram à construção do Porto de Rio Grande. Décadas depois, Getúlio Vargas tentou retomar a proposta em Torres, sem sucesso.
Agora, com o projeto do Porto Meridional, a proposta ganha força. A estrutura será semelhante a uma ponte de 2,5 km ligando a costa à área marítima onde serão construídos os píeres de atracação. A área em terra está localizada no balneário Jardim Olivia, cerca de 20 km do Farol de Torres, com condições naturais favoráveis como calado profundo e correntes adequadas para grandes embarcações.
Do ponto de vista técnico, o projeto é do tipo offshore, permitindo a atracação de navios de grande porte em águas profundas. O Porto Meridional será um Terminal de Uso Privado (TUP), com capacidade para movimentar até 53 milhões de toneladas por ano. O investimento total está estimado em R$ 6 bilhões, sendo 100% privado, com previsão de início das obras em 2025 e operação a partir de 2028.
O empreendimento promete gerar 1.500 empregos diretos e milhares de indiretos, impulsionando a economia regional. Sua localização estratégica, com ligação à BR-101 e possibilidade de conexão ferroviária futura, reforça o aproveitamento do potencial hidrográfico do Rio Grande do Sul — proporcionalmente o maior do país em relação à superfície territorial.
Além da palestra magna, o segundo dia do seminário contou com atividades técnicas voltadas à inspeção predial, onde inspetores debateram práticas de avaliação periódica de edificações e o papel das regionais na prevenção de riscos. Também foram realizadas reuniões internas entre coordenadores e representantes das inspetorias, com foco no alinhamento de estratégias de fiscalização e fortalecimento da atuação institucional do CREA-RS. (Por Gisele Flores)
