Ícone do site Jornal O Sul

Prefeita foragida da polícia federal teve vida humilde antes de ostentar luxo na internet

Município de Bom Jardim é considerado o segundo pior para se viver no Vale do Pindaré. (Foto: Reprodução)

Antes de se tornar prefeita por acaso e passar a ostentar uma vida de luxo nas redes sociais, a jovem Lidiane Leite (PP), 25 anos, vendia leite na porta da casa da mãe para sobreviver na pequena Bom Jardim, no Maranhão. Na cidade onde nasceu e foi criada, estudou até o ensino fundamental. Se valia da simpatia e da boa aparência para atrair a freguesia e acabou chamando a atenção de Humberto Dantas dos Santos, o Beto Rocha, fazendeiro de Lagarto (SE), com quem iniciou o namoro que mudaria sua vida.

O fazendeiro, com patrimônio em torno de 14 milhões de reais, incluindo fazendas, caminhonetes de luxo e apartamentos em São Luís, foi lançado em 2012 pelo PMN como candidato a prefeito de Bom Jardim, mas teve a candidatura impugnada no mês agosto, após o Ministério Público Eleitoral denunciar à Justiça a prática de captação ilícita de sufrágio – compra de votos.

Beto então renunciou e lançou a candidatura da namorada pelo PRB, com limite de gasto de até 500 mil reais. Lidiane, que sequer possuía bens registrados em seu nome, acabou se elegendo com 50,2% dos votos válidos (9.575) frente ao principal adversário, o médico Dr. Francisco (PMDB), que obteve 48,7% (9.289). Beto então assumiu a Secretaria Municipal de Assuntos Políticos e acabou preso na Operação Éden, no dia 20.

A rotina de viagens, festas, roupas caras, veículos e passeios de luxo é incompatível com o salário de pouco mais de 12 mil reais que Lidiane recebia como prefeita de Bom Jardim e passou a compartilhar por meio de fotos nas redes sociais. No Maranhão, entre 217 municípios, Bom Jardim ocupa a 175 posição no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da Organização das Nações Unidas, que analisa o acesso à educação, renda e expectativa de vida.

Município

O município é considerado o segundo pior para se viver no Vale do Pindaré, composto por outros 22. Por lá, o clima é de incerteza. Os vereadores estão impedidos de realizar votação para afastar a prefeita por causa de uma medida cautelar obtida por Lidiane na Justiça. Ela já havia sido afastada: a primeira vez em abril de 2014, pelo prazo de 30 dias, após denúncias de improbidade administrativa, retornando ao cargo em 72 horas, depois de obter liminar na Justiça; a segunda pelo período de 180 dias, em dezembro de 2014, com liminar suspensa pelo Tribunal de Justiça do Maranhão em 48 horas; e, na terceira, em maio de 2015, retornando em 72 horas. (AG)

Sair da versão mobile