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Presidente americano gera confusão ao sugerir que os Estados Unidos defenderiam Taiwan de ataque chinês

Semanas em que Joe Biden esteve isolado provaram ser algumas das mais importantes de sua presidência. (Foto: Lawrence Jackson/The White House)

A afirmação feita pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que seu governo usaria a força militar para defender Taiwan provocou especulações de que Washington estaria reavaliando sua política de “ambiguidade estratégica” de longa data para a ilha.

Biden respondeu “sim”, quando perguntado em uma entrevista coletiva com o
premiê japonês Fumio Kishida, se os EUA se envolveriam militarmente para
defender Taiwan se necessário, acrescentando que “esse é o compromisso que
assumimos”.

Os críticos vêm afirmando que a recusa explícita de Biden de enviar tropas
americanas para a Ucrânia encorajou a agressão russa e fazem comparações com as ameaças de Pequim a Taiwan.

Sob a Lei de Relações com Taiwan de 1979, os EUA vendem armas para Taipé para permitir que ela “mantenha uma capacidade suficiente de autodefesa”. Mas não diz se os EUA enviariam forças para defender a ilha contra uma invasão – uma posição conhecida como ambiguidade estratégica.

Washington vê essa posição – dissuadir a China sem apoiar a independência
unilateral de Taiwan – como algo que ajuda a manter um status quo regional estável.

Biden já pareceu romper com essa abordagem antes. Em uma entrevista concedida em agosto, o presidente americano citou Taiwan, juntamente com Japão e Coreia do Sul, ao falar sobre os compromissos de Washington em responder a ameaças.

Questionado em outubro se os EUA sairiam em defesa de Taiwan se a China
atacasse, Biden respondeu “sim, temos o compromisso de fazer isso”.

É difícil desqualificar o terceiro comentário do presidente nessa linha, que ocorre contra o pano de fundo da invasão da Ucrânia pela Rússia, como um lapso verbal.

No que se refere à Ucrânia, os EUA não têm obrigação formal de defender Taiwan da mesma forma com que fazem com Japão, Coreia do Sul e membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental).

Há preocupações de que a China possa se sentir encorajada se encarar Washington como relutante em exercer seu poder militar. Tóquio se preocupa, especificamente, com a possibilidade de que o enfraquecimento do poder de dissuasão americano desestabilize a região do Indo-Pacífico, inclusive o entorno do Japão.

A Casa Branca se apressou em minimizar as implicações de política do comentário de Biden após a coletiva de imprensa. “Como disse o presidente, nossa política de governo não mudou”, disse uma autoridade em comunicado. “Ele reiterou nossa polícia de China Única e nosso compromisso para com a paz e a estabilidade por todo o estreito de Taiwan. Também reiterou nosso compromisso previsto na Lei Federal de Relações com Taiwan, de fornecer a Taiwan os meios militares para se defender.”

O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan agradeceu a Biden e ao governo americano ontem por “reafirmar seu inabalável compromisso com Taiwan”.

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