O ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Vaz da Costa Musa, que fechou delação premiada junto ao MPF (Ministério Público Federal), afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem ligação com o esquema de corrupção na Petrobras. “João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final era o deputado Eduardo Cunha, do PMDB-RJ”, diz trecho da delação de Musa.
Henriques é apontado pela PF (Polícia Federal) e pelo MPF como um operador ligado ao PMDB no esquema de fraudes, corrupção e desvio de recursos da Petrobras. Ele foi preso na 19ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na segunda-feira (21). O partido nega ligação com Henriques. Por meio da assessoria de imprensa da Câmara, Cunha afirmou que não conhece Musa. O advogado Antonio Fernando de Souza, responsável pela defesa do deputado, afirmou que só irá se manifestar sobre a acusação após tomar conhecimento do teor da delação premiada.
A delação de Musa foi homologada em 10 de setembro pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava-Jato em primeira instância. O delator se comprometeu a depositar em conta judicial 4,5 milhões de reais, além do repatriamento de 3,2 milhões de dólares.
Essa não foi a primeira vez que Cunha foi citado por um delator. Em julho, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo disse, em depoimento à Justiça Federal, em Curitiba (PR), que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar 10 milhões de dólares em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Em agosto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma denúncia contra Cunha ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. (AG)
