O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse a ministros que pode levar a plenário já na próxima semana o projeto que amplia a isenção de Imposto de Renda da Pessoa Física para quem ganha até R$ 5 mil. Ele, no entanto, ainda não comunicou aos líderes essa disposição de pautar a matéria, que é a mais importante para o governo Lula neste ano.
“Há entendimento da Casa de que é uma prioridade para o Brasil e os brasileiros”, afirmou ele, em post em suas redes sociais, após conversar com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman.
Aprovada em julho na comissão especial, a proposta está pronta para ser apreciada em plenário desde o início de agosto, mas a obstrução da oposição, com a ocupação do plenário e a defesa de outras matérias – PEC da blindagem e PL da Anistia, entre elas-, impediu que a matéria fosse analisada.
Motta vem sendo muito pressionado por todos os lados. Centrão e PL acossam o presidente da Câmara para dar prioridade a outras matérias: a anistia para Jair Bolsonaro e os demais condenados por tentativa de golpe e outros crimes contra a democracia e agendas de interesse próprio dos parlamentares, como tentativas variadas de blindagem.
Do outro lado, o governo Lula tenta se reaproximar de Motta depois do curto-circuito recente, que atingiu o ápice com o projeto que aumentava o IOF para várias operações como forma de garantir o cumprimento do arcabouço fiscal. A intenção do Executivo é tentar neutralizar a ascendência de nomes como Arthur Lira e, sobretudo, o presidente do PP, Ciro Nogueira, sobre ele.
Nogueira é, hoje, o principal responsável por tentar cooptar Motta para a tentativa de se votar uma anistia ampla, geral e irrestrita. Do outro lado do cabo de guerra, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ajuda o governo e ministros do STF a tentarem dissuadir o deputado de embarcar nessa agenda mais radical, que sequestre a pauta legislativa.
Caso leve adiante a ideia de votar a extensão da isenção do IR, que já passou na comissão e tem o próprio Lira como relator, Motta terá, finalmente, uma proposta de forte apelo popular e grande impacto econômico e social para brandir como resultado de sua passagem pela presidência, até aqui mais marcada por ruídos da polarização política e por uma dificuldade do deputado de impor sua autoridade. Com informações da Agência Câmara, O Globo e Veja.