O presidente russo, Vladimir Putin, recusou nesta terça-feira (2) os pontos propostos pela Ucrânia e por líderes europeus no plano de paz feito pelo governo de Donald Trump. Putin acusou ainda a Europa de não querer a paz e disse estar pronto para a guerra com os vizinhos europeus: “Se a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora”, declarou o presidente russo.
O plano original, elaborado pelos EUA, tinha 28 pontos que, segundo Kiev e a União Europeia, eram extremamente favoráveis às exigências de Moscou — como, por exemplo, a cessão de um quinto do território ucraniano à Rússia, a garantia de que a Ucrânia não entrará na Otan, além do encolhimento do Exército de Kiev dos atuais 900 mil efetivos para 600 mil.
Ele disse que as exigências dos europeus no plano são “totalmente inaceitáveis” para Moscou. Putin não especificou a quais pontos se referia. Mas, segundo a imprensa norte-americana, líderes europeus retificaram pontos como o que previa o encolhimento do Exército ucraniano —a contraproposta europeia propunha a redução de efetivo para 800 mil soldados. Os aliados de Zelensky também consideram inaceitável a cessão de territórios à Rússia.
A fala do líder russo ocorre em um momento que as tensões com a Europa estão no ápice. Após incidentes com drones e com o prolongamento da guerra da Ucrânia, países da União Europeia estão investindo cada vez mais no preparo militar para um eventual conflito com a Rússia. O comandante militar da Otan afirmou nesta semana que a aliança considera fazer “ataques preventivos” contra a Rússia para repudiar a guerra híbrida dos russos na Europa —a declaração enfureceu o Kremlin.
Putin fez a declaração durante encontro com o enviado especial do governo dos Estados Unidos, Steve Witkoff, que foi a Moscou para uma nova tentativa de destravar as negociações de paz na Ucrânia. Witikoff entregou ao mandatário russo o plano de paz de Donald Trump, e reformulado a pedido da Ucrânia e de líderes europeus.
O presidente russo afirmou estar pronto para negociar a paz, mas também disse que, se a Ucrânia se recusar a um acordo, as forças russas avançarão ainda mais e tomarão mais território ucraniano. O próprio Putin comemorou na segunda-feira (1º) a captura de uma cidade-chave na Ucrânia, algo que Kiev nega.
Os líderes europeus apresentaram então sua contraproposta, que não foi divulgada publicamente. A invasão russa em fevereiro de 2022 envolveu dezenas de milhares de soldados. O conflito eclodiu no leste da Ucrânia em 2014, após a queda de um presidente pró-Rússia na Revolução Maidan e a anexação da Crimeia pela Rússia.
As forças russas controlam mais de 19% da Ucrânia, ou 115.600 quilômetros quadrados, um aumento de um ponto percentual em relação a dois anos atrás, e avançaram em 2025 no ritmo mais rápido desde 2022, de acordo com mapas pró-ucranianos. Kiev afirma que os ganhos vieram acompanhados de pesadas perdas russas.
