Em meio à grave crise humanitária enfrentada pelos palestinos, Israel vai permitir que países estrangeiros voltem a lançar ajuda humanitária aérea na Faixa de Gaza, segundo a rádio do Exército israelense e um militar ouvido pela AFP. A data de início das remessas aéreas, no entanto, ainda é incerta.
“Os lançamentos aéreos de ajuda humanitária sobre a Faixa de Gaza serão retomados nos próximos dias. Eles serão coordenados pelos Emirados Árabes Unidos e pela Jordânia”, disse um oficial israelense à agência de notícias AFP. Já a rádio do Exército israelense disse que as remessas seriam retomadas já nesta sexta-feira (25).
A ajuda aérea em Gaza já foi permitida em outros momentos da guerra, travada no território palestino entre Israel e o grupo terrorista Hamas desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelenses e outros 250 foram feitos reféns.
A volta da permissão da ajuda aérea ocorre em um momento de agravamento da crise humanitária em Gaza, com crescente desnutrição e alastramento da fome entre os dois milhões de palestinos. Israel tem enfrentado um aumento de críticas e pressão internacional para que mais alimentos cheguem à população de Gaza.
A ONU descreve a atual situação como um “show de horrores”, e mais de 100 ONGs especializadas denunciam “fome em massa” no território. Relatos de fome extrema e generalizada se tornaram mais frequentes, e pelo menos 45 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início desta semana, segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
Um vídeo divulgado pela agência Reuters na quinta-feira mostrou crianças palestinas atendidas com desnutrição severa em um hospital de Khan Younis, em Gaza. O World Food Program (WFP), braço das Nações Unidas dedicado à alimentação, disse nesta sexta-feira que quase um terço da população palestina “não come durante dias seguidos”.
Criticada pelo modelo de distribuição de ajuda humanitária adotado em Gaza, o governo Netanyahu culpa a ONU e o grupo terrorista Hamas por impedir que os alimentos cheguem à população palestina. A ONU e ONGs afirmam que são impedidos de operar em Gaza, e que um sistema humanitário adequado é boicotado por Israel.
Os lançamentos aéreos, no entanto, não são o método mais indicado para a ajuda humanitária, porque eles têm um impacto limitado e não é garantido que realmente cheguem à população local, segundo especialistas. A ONU afirma que a melhor forma de acudir os palestinos é removendo todos os bloqueios terrestres à entrada de ajuda.
O WFP também disse esta semana que a crise de fome em Gaza atingiu “novos e surpreendentes níveis de desespero, com um terço da população sem comer por vários dias seguidos”.
“‘As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes’: disse-me um colega em Gaza nesta manhã”, disse Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, na quinta-feira (24).
“Enquanto isso, de acordo com as últimas descobertas da UNRWA: uma em cada cinco crianças está desnutrida na cidade de Gaza, com o número de casos aumentando a cada dia […]. A maioria das crianças atendidas por nossas equipes está fraca e corre alto risco de morrer se não receber o tratamento de que necessita urgentemente.”
A guerra em Gaza foi deflagrada em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, o que resultou na morte de 1.219 pessoas.
A operação militar de Israel em Gaza matou mais de 59.100 palestinos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.