Ícone do site Jornal O Sul

Processo de Lula no caso do triplex vai para a segunda instância em tempo recorde

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a mais de nove anos de prisão no processo do caso do triplex em Guarujá (SP). (Foto: Divulgação)

O processo que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão no caso do triplex em Guarujá (SP) chegou em tempo recorde ao TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre.

Foram 42 dias, desde a sentença do juiz Sérgio Moro, em julho, até o início da tramitação do recurso na segunda instância, na quarta-feira (23). É o trâmite mais rápido até aqui, da sentença ao TRF-4, entre todas as apelações da Lava-Jato com origem em Curitiba (PR).

Eventual condenação em segunda instância do petista impediria sua candidatura a presidente nas eleições de outubro do ano que vem. A média dos demais recursos, nesse mesmo percurso, foi de 96 dias – ou de 84 dias, se considerada a mediana (valor que divide os casos existentes em dois conjuntos iguais). O andamento dos processos variou entre 42 e 187 dias.

No total, 31 apelações da Lava-Jato tramitam ou tramitaram no TRF-4. Cerca de metade delas já foi julgada. Especialistas em direito oscilam entre duas avaliações: a de que a tramitação do recurso de Lula obedeceu ao rito normal; ou a de que uma eventual ação para acelerar o julgamento contraria o princípio de isonomia.

“Caso seja proposital, é bastante preocupante e mostra o voluntarismo da Justiça em protagonizar outros papéis que não o de meramente julgar um caso. Querer interferir de outras formas na vida política e social do país é algo deletério”, diz Fábio Tofic Simantob, presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa e advogado de outros investigados da Lava-Jato.

Um dos argumentos mais lembrados por quem defende essa avaliação são as declarações do presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, que após a sentença afirmou que a apelação de Lula será julgada em até um ano e que a proximidade das eleições presidenciais pode influenciar o trâmite da ação.

Outros advogados, porém, afirmaram que há uma série de fatores que interferem na tramitação – muitos externos à vontade de juiz ou partes. “Não existe regra processual que determine o prazo de encaminhamento”, afirma Carlos Eduardo Scheid, doutor em direito. Fatores como a complexidade do caso, o número de embargos apresentados pela defesa e o tempo necessário para a análise pelo juiz interferem, segundo ele. “Estatística, em direito, não significa nada”, comenta Marlus Arns de Oliveira, que tem clientes na Lava-Jato.

Segundo ele, a média de julgamento de uma apelação no TRF-4 é de um ano após a sentença, independentemente do tempo que leva até chegar ao tribunal. Na Lava-Jato, em média, esse prazo é de um ano e quatro meses.

Ranking 

Entre as dez apelações mais velozes da Lava-Jato, que subiram ao TRF-4 em até dois meses, estão processos com só um réu (como o de Eduardo Cunha e de Nestor Cerveró) e aqueles em que só uma das partes apelou.

Mas também há ações maiores, como a que julgou o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (que tem sete réus) e a que condenou o pecuarista e amigo de Lula José Carlos Bumlai (dez réus). O processo de Lula tem oito réus.

Na outra ponta, entre os processos que mais demoraram a chegar ao TRF, há casos em que as partes deixaram de cumprir os prazos estabelecidos, ou fizeram até três embargos sucessivos, exigindo novas decisões do juízo. (Folhapress)

Sair da versão mobile