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Procurador afirma que o grupo de Temer movimentou quase 2 bilhões de reais em propinas

A decisão do STJ de conceder habeas corpus a Temer foi tomada na terça-feira. (Foto: Alan Santos/PR)

A força-tarefa da Operação Lava-Jato afirma que ao esquema atribuído ao ex-presidente Michel Temer (MDB) foi “transferido ou prometido” R$ 1,8 bilhão em propina até o momento. Temer e o ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) foram presos nesta quinta-feira (21).

“Esse grupo criminoso que está sendo investigado e foi objeto hoje [quinta] das medidas cautelares adotava como modus operandi no recebimento de propina o parcelamento dessa propina por vários e vários anos. Todas as propinas que nós identificamos ou que já tenham sido objeto de denúncia ou que estejam em investigação em relação a essa organização criminosa, promessa de propina ou propina paga, nós somamos e chegamos a essa cifra de R$ 1,8 bilhão”, afirmou o procurador regional da República José Augusto Vagos.

“Esse parcelamento de propina também é fundamento para o pedido de prisão e para a prisão efetivamente porque algumas dessas empresas envolvidas, elas permanecem sendo contratadas por órgãos públicos, o que pode denotar ainda propinas previamente acertadas que podem ainda estar sendo pagas ou acertadas para serem pagas mais para frente”, prosseguiu.

No pedido de prisão, a Lava-Jato incluiu uma tabela com três colunas: área de influência, valor de propina paga/prometida ou desviado e situação atual. Na primeira linha, os procuradores ligaram a Usina EPE & J&F ao valor de R$ 720 milhões (R$ 500 mil por semana, durante 30 anos) e à informação “interrompida pela deflagração das investigações”.

A Lava-Jato relacionou “Câmara dos Deputados (OAS)” ao valor de R$ 7,8 milhões. A situação atual, segundo a Procuradoria, é “dinheiro em espécie, empresas de fachada, pagamento de boletos, doleiros, crédito em conta no exterior (recebida e ocultada)”. Os investigadores incluíram na tabela o valor de “R$ 5,9 milhões (valores comprovadamente recebidos, muito inferiores aos prometidos pelos próximos 70 anos)” ao Decreto dos Portos.

De acordo com o Ministério Público Federal, a situação atual é “empresas de fachada, contratos fictícios (parte recebida e ocultada, maior parte a receber)”. A tabela aponta que o somatório de todas as propinas pagas ou prometidas alcançou R$ 1,8 bilhão.

“Os valores ilícitos até agora recebidos ou prometidos, além dos desviados, passam, portanto, de R$ 1,816 bilhão, sendo que boa parte desses valores da organização criminosa permanecem ocultos, por meio de ações atuais e permanentes de lavagem, e outros ainda permanecem pendentes de recebimento. Trata-se de fundamento bastante evidente para decretação de prisão preventiva do líder da organização criminosa”, apontou a Operação Lava-Jato.

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