Após dois meses consecutivos de retração, o índice de produção industrial do Rio Grande do Sul voltou a crescer em outubro na comparação com setembro, atingindo 51,6 pontos, resultado considerado abaixo do esperado para o período.
Apesar da leve recuperação na atividade, o nível de emprego seguiu em queda: o indicador marcou 46,4 pontos, a quinta redução seguida e o pior patamar desde julho de 2023. Os dados integram a Sondagem Industrial RS, divulgada pelo Sistema Fiergs nesta quinta-feira (27).
O presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, avaliou que, embora o avanço da produção seja positivo, o ambiente econômico ainda impõe cautela ao setor. “O crescimento da produção é uma notícia boa, embora menor que o esperado. O cenário de incertezas domésticas e juros elevados interferem na disposição dos industriais em abrir novas vagas de emprego e investir. Precisamos continuar avançando nas negociações com os Estados Unidos para reduzir as tarifas de exportação e melhorar as expectativas econômicas brasileiras”, afirmou.
O levantamento mostrou também que a UCI (Utilização da Capacidade Instalada) ficou em 70% em outubro e segue oscilando entre 69% e 70% desde fevereiro. Já o índice que compara a UCI ao nível considerado usual registrou 44 pontos, abaixo do adequado para o mês. A última vez que o setor operou dentro da normalidade foi em novembro de 2024, quando o indicador marcou 50,4 pontos.
Os estoques de produtos finais mantiveram trajetória de alta. O índice de evolução mensal chegou a 51 pontos em outubro, sétimo mês consecutivo acima da linha de 50, o que indica crescimento em relação ao mês anterior. O volume estocado também ultrapassou o planejado. O indicador subiu de 49,8 para 52 pontos, sinalizando excesso de estoque.
Expectativas
Para os próximos seis meses, o humor do industrial gaúcho permanece negativo. Em novembro, todos os índices de expectativas ficaram abaixo dos 50 pontos – e inferiores aos de outubro. A indústria projeta queda na demanda (47,4 pontos), no emprego (45,4) e nas compras de matérias-primas (46,1).
As perspectivas para as exportações também recuaram. O indicador atingiu 43,5 pontos, quarto mês consecutivo de expectativa de baixa, período que coincide com a entrada em vigor das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O índice de propensão a investir caiu dois pontos em novembro, registrando 55,5, mas a maioria dos industriais gaúchos demonstra interesse em investir. No penúltimo mês do ano, quase 60% das empresas afirmaram ter planos de realizar investimentos nos próximos seis meses.
A pesquisa foi realizada com 146 empresas, sendo 34 pequenas, 45 médias e 67 grandes entre os dias 3 e 12 de novembro.
