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Professor chinês vira bilionário com empresa banida nos Estados Unidos

O professor Tang Xiao’ou, está prestes a se tornar uma das pessoas mais ricas do mundo. (Foto: Divulgação)

Poucas semanas depois de os Estados Unidos colocarem uma unidade do SenseTime Group em uma lista de empresas chinesas proibidas de receber investimentos americanos por supostas violações dos direitos humanos, o fundador do grupo, o professor Tang Xiao’ou, está prestes a se tornar uma das pessoas mais ricas do mundo.

A maior empresa de inteligência artificial da China fechou o preço de seu lançamento inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e vai estrear na Bolsa de Hong Kong nesta quinta-feira (30) com um valor de mercado equivalente a mais de US$ 16 bilhões.

Tang, que detém 21% da empresa, terá assim fortuna estimada em US$ 3,4 bilhões, segundo o índice de bilionários da Bloomberg.

Aos 53 anos e doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade americana de prestígio, Tang é professor de engenharia da informação na Chinese University of Hong Kong. Procurado pela Bloomberg, um representante da SenseTime se recusou a comentar qual é o valor do patrimônio de Tang.

A SenseTime precisou adiar seu lançamento de ações depois de ter entrado numa lista de restrições para investimentos americanos. Washington alega que o software de reconhecimento facial da empresa é usado na opressão dos muçulmanos uigures, na região autônoma de Xinjiang, no oeste da China, que é alvo de perseguições pelo governo chinês.

A SenseTime afirma que as acusações são infundadas.

O IPO da SenseTime é o primeiro fora da China continental de uma grande empresa de tecnologia chinesa desde que a Didi Global, que no Brasil é dona do app 99, lançou ações na Bolsa de Nova York, em julho. Sob presão do governo chinês, a Didi já anunciou que vai deixar o mercado americano – e, segundo especulam analistas, pode abrir capital em Hong Kong, mesmo destino da SenseTime.

Tang há muito tempo estuda o desenvolvimento da inteligência artificial necessária para o reconhecimento facial. Ele estudou na Universidade de Ciência e Tecnologia da China, concluiu sua graduação na Universidade de Rochester, em Nova York, e obteve seu PhD no MIT em 1996, onde estudou robótica subaquática e visão computacional.

Ele trabalhou para a Microsoft por alguns anos antes de fundar a SenseTime em Xangai em 2014, junto com Xu Li, então um cientista pesquisador da fabricante de computadores chinesa Lenovo.

A empresa é hoje a maior em software de inteligência artificial da Ásia, com uma participação de mercado de 11%. A tecnologia é implantada em diversos serviços, inclusive para ajudar a polícia chinesa em investigações.

A receita da SenseTime aumentou 14% no ano passado para 3,4 bilhões de yuans (US$ 534 milhões), embora ainda registrasse um prejuízo operacional de 1,8 bilhão de yuans.

“As empresas de tecnologia em um estágio inicial ainda precisam investir mais em pesquisa e desenvolvimento para manter sua tecnologia competitiva”, avalia Kenny Ng, estrategista da firma de investimentos Everbright Sun Hung Kai. As informações são da agência Bloomberg.

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