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Propina em empresas estatais chega a 10 bilhões de reais, diz procurador da República

Por unanimidade, TSE cassa mandato de Deltan Dallagnol. (Foto: Vladimir Platonow/ Abr)

O procurador da República Deltan Dallagnol, que atua na investigação em Curitiba (PR), calculou, na sexta-feira, que o valor total das propinas recebidas pelos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras e outras estatais e órgãos públicos chega a pelo menos 10 bilhões de reais. Ao defender as delações premiadas como o motor da operação, Dallagnol lembrou que a Lava-Jato começou com a investigação de um posto de gasolina suspeito de lavagem de dinheiro e chegou ao gigantesco esquema de corrupção.

“As colaborações premiadas agilizaram as investigações, funcionaram como agentes catalisadores que potencializam a investigação. Antes da primeira colaboração, tínhamos uma investigação envolvendo 26 milhões de reais. Depois, temos uma investigação envolvendo mais de 10 bilhões de reais. Não são pontos de chegada, mas ótimos pontos de partida. Não abreviam o caminho, mas temos um vislumbre mais provável para chegar às provas e evidências que precisamos para acusar alguém”, disse o procurador. “Temos corrupção em outros órgãos além da Petrobras, como Ministério da Saúde, Ministério do Planejamento, Caixa Econômica Federal, Eletronuclear e outros ainda em investigação.”

Somente na estatal do petróleo, foram pagas propinas de 6,2 bilhões de reais, mas os prejuízos gerais da empresa são de cerca de 20 bilhões de reais, segundo Dallagnol. Para chegar a este valor, o procurador somou as propinas com superfaturamento de contratos. “Apenas a propina da Petrobras envolveu 6,2 bilhões de reais. É parte do prejuízo. [Somando o] lucro ilícito das empresas com prática de superfaturamento envolvendo cartel, provavelmente o prejuízo superará os 20 bilhões de reais”, disse Dallagnol. Valor semelhante, de 19 bilhões de reais, já havia sido calculado por policiais federais.
Os 10 bilhões de reais citados pelo procurador resultam da soma dos 6,2 bilhões de reais da Petrobras com as propinas pagas em outras instituições públicas investigadas na operação. O procurador disse não ter ainda o cálculo dos prejuízos totais sofridos pelos outros órgãos públicos alvos da Lava-Jato, além da estatal petrolífera.

Dallagnol rejeitou a tese de que as investigações paralisaram a economia brasileira em razão da suspensão de contratos das empresas envolvidas no esquema de corrupção. “A apuração do crime não prejudica a economia, o que prejudica a economia é o crime praticado. É o mesmo que culpar o investigador por ter encontrado o cadáver”, comparou.

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