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Próstata e sexualidade: relação carregada de mitos

(Foto: Banco de Dados)

A relação entre a próstata e a sexualidade está recheada de mitos e equívocos. Há, de fato, muitas ideias erradas que associam esta glândula a funções que ela não tem. O andrologista Sérgio Iankowski – autor do livro “Ereção e Falha, Falhou Por Quê?” – derruba alguns desses mitos.
 
“A próstata é uma glândula sexual situada entre a bexiga e a uretra. Tem o tamanho de uma castanha, mede dois centímetros no sentido ântero-posterior e três centímetros verticalmente e pesa cerca de oito gramas na idade jovem”, explica Iankowski, diretor do Instituto de Infertilidade e Andrologia.
 
E, afinal, qual é a sua função? “As secreções desta glândula, em conjunto com a das vesículas seminais, são responsáveis pela maior parte do fluido seminal. Este é ligeiramente alcalino e é essencial para a mobilidade, preservação e viabilidade dos espermatozoides no seu trajeto até ao colo do útero e à fecundação do óvulo”, complementa o médico.
 
Próstata e ereção com mecanismos distintos
 
Está comprovado que a próstata é indispensável para que um homem possa ter filhos biológicos. Mas isso não quer dizer que seja essencial para se ter uma sexualidade ativa. “Os mitos que associam a próstata à ereção não são verdadeiros. A próstata tem um enorme papel na ejaculação, o que não ocorre em relação aos mecanismos da ereção”, desmistifica Iankowski.
 
“Do ponto de vista fisiológico, muita da sensação de orgasmo deriva da sensação de ejaculação, que é feita pelas contrações simultâneas da próstata, vesículas seminais e músculos pélvicos, que fazem com que haja emissão da ejaculação. Há assim uma associação entre o orgasmo, a ejaculação e o funcionamento correto da próstata”, completa.
 
Não obstante, “os mecanismos da ejaculação e da ereção são distintos. Enquanto a ejaculação é mediada pelo sistema nervoso autônomo simpático, a ereção é mediada pelo parassimpático”. De modo inverso, há várias doenças da próstata que podem interferir na sexualidade e o próprio tratamento pode ter “um efeito deletério muito importante na função sexual do doente”.
 
Por exemplo, os homens que sofrem de prostatite, uma doença inflamatória da próstata, podem ter ejaculações dolorosas. “Sabemos que o homem, ao ejacular, está promovendo um bom funcionamento da próstata. Se não for em exagero, a ejaculação, teoricamente, promove o bem-estar prostático. Não ter uma atividade sexual regular com ejaculação pode até agravar doenças prostáticas”, afirma Iankowski.
 
Assim, os conselhos para manter uma próstata saudável passam, segundo o especialista, pela “manutenção de uma atividade física regular, dieta equilibrada com restrição calórica, gordura animal e carnes vermelhas, uma vez que a síndrome metabólica está associada à hiperplasia benigna da próstata”. Contudo, a prostatectomia radical não é sinônimo de fim da vida sexual. “Os doentes mantêm o prazer do orgasmo, e existem tratamentos eficazes para recuperar a função erétil, incluindo, em último caso, a implantação de uma prótese peniana”, conclui o médico.
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