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PSB aciona o Supremo para obrigar o Ministério da Saúde a retomar a vacinação de adolescentes no País

Mais da metade do total do universo de pesquisados no levantamento tinham tido um membro da família ou vitimado pela enfermidade ou internado pela doença. (Foto: Cristine Rochol/PMPA)

O PSB ingressou na noite deste sábado (18) no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para pedir a retomada da vacinação para adolescente de 12 a 17 anos por parte do Ministério da Saúde. A imunização para estas faixas etárias foi suspensa pelo governo federal na última quinta-feira após uma adolescente de São Paulo morrer dias após receber a primeira dose de Pfizer. No dia seguinte, o governo do Estado anunciou que terminou a análise do caso e concluiu que não havia relação entre o imunizante e óbito, provocado por uma doença autoimune.

Na ação, o partido pede uma tutela de urgência suspendendo a nota informativa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19, do Ministério da Saúde, que paralisou a imunização de adolescentes. A medida pede que seja retomada a vacinação conforme aprovado e recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O partido, na ação, registra que “a desinformação promovida pelo Governo Federal associada à completa ausência de coordenação nacional conduziu o país aos quase 600 mil óbitos já registrados”. E cita que, agora que há uma redução do número de mortes, “o Ministério da Saúde promove mais um ato de desinformação para causar pânico na sociedade e desincentivar a população a se vacinar.”

“Não há qualquer razão sanitária ou científica que justifique a interrupção da vacinação de adolescentes. Nós consideramos que é fundamental continuar a vacinação do grupo, seguir o plano nacional de imunização, porque isso significa não só proteger a vida dessas pessoas como também de toda a população. À medida em que a vacinação avança, todos ficam mais protegidos”, afirma o líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ).

A ação foi protocolada no dia em que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa 48 anos. Num revés para a pasta, pelo menos 13 estados e o Distrito Federal ignoraram a decisão do ministério e mantiveram a vacinação do grupo. A capital federal, inclusive, já decidiu estender a primeira dose aos jovens de 13 anos sem comorbidades a partir de terça-feira (21).

A manutenção da vacinação do grupo é apoiada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), entre outras entidades. Sem uma gestão unificada da pandemia no Brasil, estados e municípios têm autonomia para definir calendários de vacinação. Contudo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, costuma criticar os que destoam das diretrizes da pasta.

“Felizmente, muitos estados mantiveram. Mas a nossa preocupação é que uma orientação como essa paralisa da parte do Ministério da Saúde paralisa a vacinação em estados e municípios que eventualmente se baseiem na palavra dele”, continua o deputado. “Nossa expectativa é obter uma liminar para que o país não perca mais tempo e nós não percamos mais vidas.”

Em nota, o partido citou a SBIm para subsidiar a ação. Nos últimos dois meses, houve redução de 65% no número de casos e de 58% de mortes por covid-19, numa queda capitaneada pela vacinação, avalia a entidade. Nessa esteira, a suspensão da imunização dos jovens prejudicaria o controle da pandemia no país.

A Anvisa autorizou em junho a aplicação da vacina da Pfizer em jovens de 12 a 17 anos, numa decisão que segue o posicionamento do Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA). A vacinação do grupo iniciou em capitais como Brasília, Rio, São Luís e São Paulo, antes do anúncio da pasta, que anunciou a inclusão do grupo após distribuir doses suficientes para a imunização de toda a população adulta.

Segundo nota técnica, a pasta orientou cinco categorias prioritárias: a imunização deveria começar por adolescentes com deficiências permanentes, seguida dos que sofrem de comorbidade. Depois, viriam as grávidas e as puérperas (mulheres até 45 dias pós-parto) e os que estão em privação de liberdade. Por último, seria a vez dos que não têm doenças preexistentes.

O ministério não se pronunciou sobre a ação e nem respondeu se irá voltar atrás na suspensão.

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