O número de uniões entre pessoas do mesmo sexo bateu um novo recorde em 2023: foram 11.198 registros (1,9% do total naquele ano), segundo dados divulgados nessa sexta-feira (16) pelo IBGE. Trata-se do maior índice desde 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça garantiu o direito ao casamento civil para a população LGBTQIA+.
Na contramão da tendência geral, os casamentos homoafetivos cresceram 1,6% em relação a 2022 — impulsionados pelas uniões entre mulheres, que aumentaram 5,9%. Já os casamentos entre homens caíram 4,9%.
Os casais homossexuais se unem mais tarde: elas, aos 32,7 anos (ante 29,2 das que se casam com homens). Eles, aos 34,7 (ante 31,5 dos que se casam com mulheres.) O número de casamentos voltou a cair no Brasil em 2023.
De acordo com os dados do Registro Civil foram registrados 940.799 casamentos em 2023 — uma queda de 3% em relação a 2022. Segundo a pesquisadora do IBGE Klivia Brayner, a redução está ligada a mudanças culturais.
“Pode ter relação com a própria mudança na sociedade. Não estão priorizando o casamento civil, não é mais uma exigência da sociedade. Hoje as pessoas têm mais liberdade para decidir se querem casar.”
O número de casamentos no Brasil está em queda há décadas. Entre 1980 e 2000, por exemplo, a média de casamentos por 1 mil habitantes caiu pela metade (de 12,2 para 6).
Com a pandemia de covid, houve uma queda abrupta: houve 1 milhão de casamentos em 2019 e, em 2020, 757 mil. Nos dois anos seguintes, os números voltaram a subir. Os dados de 2023, entretanto, mostram que o aumento acabou.
Apenas a região Centro-Oeste registrou crescimento no número de casamentos: alta de 0,8%. Apesar de tímido, o aumento contrasta com a tendência nacional. A região também apresentou a maior taxa de nupcialidade do país: 6,5 por mil. Além disso, foi a única região com aumento no número de nascimentos.
Nascimentos
Em 2023, o Brasil teve o menor número de nascimentos dos últimos 45 anos. Foram 2.523.267 bebês nascidos vivos há dois anos (o dado mais recente disponível), número menor apenas do que o observado em 1974, quando começou a série histórica, 1975 e 1976.
A quantidade, que faz parte da série Estatísticas do Registro Civil 2023, representa uma redução de 0,7% em comparação com 2022. Se contraposta à média anual de 2015 a 2019, a diminuição foi de 12%, evidenciando que na década atual a curva de queda se intensificou ainda mais.
As pesquisadoras do IBGE explicam que é possível que a estatística de 2023 seja o recorde em toda a série histórica. No entanto, nas décadas passadas havia uma subnotificação considerável de nascimentos de bebês, portanto, os registros oficiais apontam números ainda menores nos anos 70 do que os atuais.
A diminuição de nascimentos aconteceu em todas as regiões do País, com exceção do Centro-Oeste, onde houve aumento de 1,1%. A principal redução foi no Sudeste (menos 1,4%). Os cinco Estados com mais nascimentos, em números absolutos, foram São Paulo, Minas, Rio, Bahia e Paraná. Na outra ponta estão Estados da Amazônia: Roraima, Amapá, Acre e Tocantins. Percentualmente, a maior queda foi em Rondônia (3,7%).
Entre as variações percentuais, as maiores quedas foram em Rondônia (-3,7%), Amapá (-2,7%), Rio de Janeiro (-2,2%), Bahia (-1,8%) e São Paulo (-1,7%). Já os maiores aumentos aconteceram no Tocantins (3,4%), Goiás (2,8%), Roraima (1,9%), Sergipe (1,7%) e Alagoas (1,6%). Em 18 Unidades Federativas houve diminuição, comparando com 2022, e em nove houve aumento de nascimentos.
Os dados também mostram mudanças profundas nas faixas-etárias das mães. Entre 2003 e 2023, houve redução de bebês gerados por mães com até 29 anos, diante do aumento de progenitoras com mais de 30 anos. Em 2023, 39% dos recém nascidos do País tinham mães com pelo menos 30 anos. No Distrito Federal, a maior incidência, quase metade (49,4%) tinha essa idade.