A Polícia Civil investiga uma quadrilha que realiza abortos no Rio depois da morte de uma jovem de 28 anos na mesa de cirurgia. O corpo de Caroline de Souza Carneiro foi encontrado em uma rua deserta horas depois de ela ter feito o procedimento em uma clínica. A atuação da quadrilha não é novidade para a polícia: entre 2013 e 2014, integrantes do mesmo grupo foram presos em duas operações diferentes.
Caroline era moradora de Paraíba do Sul (RJ) e foi de ônibus ao Rio para fazer o procedimento escondida da família – que não sabia sequer que ela estava grávida de cinco meses. Segundo o depoimento do namorado da vítima, os dois descobriram a clínica pela internet. Antes de ir ao Rio, Caroline passou ao namorado o endereço de uma casa de repouso para onde as pacientes iam após as cirurgias, a cerca de 1 quilômetro da clínica.
Polícia esteve no local onde as mulheres eram operadas. (Foto: Reprodução)
Os dois endereços pertencem ao mesmo proprietário, que foi preso, em 2014, acusado de chefiar uma quadrilha que realiza abortos clandestinos. O homem, entretanto, já está solto. O médico responsável pelos procedimentos tem 80 anos e 18 anotações em seu nome na Polícia Civil. A primeira, pelo crime de aborto clandestino, é de 1957.
Pacientes seguem cartilha.
Durante operação na clínica clandestina, agentes da polícia apreenderam diversos materiais e instrumentos cirúrgicos e encontraram uma cartilha distribuída pelos integrantes da quadrilha às pacientes com instruções para serem seguidas após o procedimento.
“Um pequeno sangramento poderá acontecer no primeiro dia ou alguns dias depois [o que é normal]” e “Febre: poderá ocorrer; tomar Tylenol” são alguns dos 11 passos listados no documento. Ao final da lista, a clínica alega que só se responsabiliza por procedimentos realizados no local.
A polícia entrou na casa de repouso e duas pessoas foram detidas no local e levadas para a delegacia. Elas confirmaram que o local é frequentado por pacientes da clínica. Os responsáveis pelo crime vão responder por homicídio, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.
Segundo a polícia, o corpo de Caroline foi encontrado com uma cicatriz na barriga. Seu namorado, que sabia da gravidez, está colaborando com as investigações como testemunha.
Vítima escondeu gravidez.
A família de Caroline não sabia do paradeiro da jovem na última sexta-feira, quando ela saiu de casa, até o dia seguinte, quando recebeu um recado do namorado da vítima.
A jovem – que já tem uma filha de 10 anos – escondeu a gravidez da família e disse que iria a Juiz de Fora (MG) “fazer um curso”. Caroline teria tentado abortar em diversas oportunidades desde que descobriu que estava grávida.
Ela também teria afirmado ao namorado que “faria uma loucura porque os remédios não funcionavam”. Foi a partir daí que os dois começaram a buscar uma clínica clandestina. (AG)
