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Quadrilhas especializadas usam robôs para fazer agendamentos em massa

Os serviços migratórios de Portugal têm sido terreno fértil para a propagação de um mercado negro. (Foto: Reprodução/Eurodicas)

Sem conseguir atender à demanda crescente da comunidade de imigrantes em Portugal – que, em 2018, atingiu a maior população da série histórica –, os serviços migratórios do país têm sido terreno fértil para a propagação de um mercado negro. Os brasileiros, que formam o maior grupo de estrangeiros em terras lusitanas, costumam ser as principais vítimas desses esquemas irregulares, que vão desde a venda de vagas para renovar vistos até falsos advogados que prometem acesso facilitado à nacionalidade portuguesa.

Com reservas para renovação de vistos e de regularização de novos imigrantes já completamente esgotadas até o fim de 2019, o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) anunciou, recentemente, que desmantelou um esquema de venda de horários de agendamento. Quadrilhas especializadas estavam usando “bots” – sistemas programados para executarem ações automaticamente – para fazerem reservas em massa no SEF. Os horários disponíveis eram então vendidos na internet, com preços que podiam chegar a € 500 (cerca de R$ 2.300,00).

O órgão migratório diz ter descoberto o esquema após identificar “um volume anormal de acessos ao sistema de agendamento” em um curto espaço de tempo, esgotando rapidamente cerca de 2 mil vagas de atendimento adicionais disponibilizadas. Para dificultar ações do tipo, as autoridades instalaram um novo sistema de segurança no site e têm investido em fiscalização mais rigorosa dos acessos suspeitos ao sistema.

Outra preocupação das autoridades são os falsos advogados que prometem agilizar processos de legalização ou de nacionalidade portuguesa para quem legalmente não teria direito. Na semana passada, foi preso, na França, um suspeito de cometer esses crimes, tendo brasileiros como principais vítimas.

Em 2018, Portugal atingiu seu recorde de estrangeiros vivendo no país: mais de 480 mil, alta de 13,9% em relação a 2017. O número de brasileiros acompanhou a tendência e subiu 23,4% em um ano, chegando aos 105.423 em 2018.

A quantidade de brasileiros vivendo em Portugal é, na verdade, bem maior. Nas contas do SEF não entram aqueles com dupla cidadania portuguesa ou de outra nação da União Europeia e, claro, os que estão com status migratório irregular.

O SEF reconhece as dificuldades, mas destaca que está trabalhando para aumentar a oferta de vagas. Entre as iniciativas, o órgão destaca a ampliação do horário de atendimento de algumas unidades.

Está em andamento também um concurso público para contratar 116 profissionais, que devem se dedicar exclusivamente ao atendimento ao público.

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