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Quase a metade do preço do álbum do Mundial é de imposto. Na camisa da Seleção, o peso do imposto é de 34%

O mundo todo está de olho na atuação do atacante Neymar. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

A elevada carga de impostos do Brasil não poupa nem mesmo o Mundial. Quase metade do preço do álbum de figurinhas (43,19%) é formada por impostos. Torcer com a camisa oficial da Seleção Brasileira não sai barato — o valor médio está em cerca de R$ 250 —, mas um terço desse valor (34,67%) também vai para pagar tributos. A carga tributária alta não livra nem mesmo a bandeira do Brasil: o percentual é de 36,2%. O levantamento é da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que acompanha o pagamento de impostos no País através do Impostômetro, um painel localizado no Centro de São Paulo.

“O brasileiro é um dos povos que mais pagam impostos do mundo. No entanto, é um dos que menos veem os valores pagos revertidos em serviços públicos. Esse é um jogo que todos os brasileiros ainda precisam vencer”, afirma Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).

O estudo também levantou o nível de impostos sobre outros produtos consumidos nesta época de jogos: televisão (44,94%), bola de futebol (48,49%), caipirinha (76,6%), fogos de artifício (61,56%), cerveja (55,6%) e refrigerante (46,47%). Quem gosta de um barulho também paga alto pela buzina, com carga tributária de 45,59%. Outros itens que se destacam são salgadinho (37,3%), chuteira e tinta (36,17%), pipoca (34,99%) e bexiga e corneta (34%).

“O que mais onera é a incidência conjunta do ICMS com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), pois os dois impostos possuem altas taxas e por isso vão pesar mais no bolso do torcedor”, diz ele. Burti aponta que a incidência maior ou menor de IPI acaba determinando o nível total de carga tributária. A carga recua na medida que há redução, ou não aplicação, do IPI. Isso ocorre, por exemplo, na carne para churrasco, com carga tributária de 29% e IPI zero.

Produtividade

Em tempos de Mundial, o futebol lidera o placar e derruba o rendimento do brasileiro no trabalho. Pesquisa realizada pela Robert Half, especializada em recrutamento profissional, feita em abril e maio junto a 387 tomadores de decisão de empresas de todo o País, mostra que 46% deles já previam queda de rendimento de suas equipes durante o campeonato.

“O rendimento dos colaboradores cai. Este ano, em especial, é preciso considerar que a maior parte dos jogos acontece às 9h, às 11h e às 15, ao longo do expediente de trabalho. Nos dias de partida do Brasil, o profissional já sabe que terá uma parada na jornada que impacta seu lado emocional. É natural que o rendimento caia”, explica Maria Sartori, gerente de recrutamento sênior da Robert Half.

Ela explica que a pesquisa está inserida dentro do Índice de Confiança apurado trimestralmente pela empresa. O recorte focado no torneio em 2018 foi feito com base nos questionamentos que vinham sendo apresentados pelas empresas sobre o período do evento. A produtividade, diz ela, cai menos pelas horas dispensadas do trabalho do que pelo fator emocional: “O horário não trabalhado, ao menos nesta primeira fase, já estava previsto pelas empresas, que geralmente se antecipam para compensar as horas em que os funcionários serão dispensados para acompanhar o Brasil jogando. O rendimento é impactado pelo lado emocional”.

Cartão amarelo

Ela levanta um cartão amarelo para quem cogita restringir a dispensa dos funcionários para assistir as partidas: “A menos que seja uma atividade que não pode ser interrompida, não é o ideal, causaria insatisfação. A melhor opção é trazer o funcionário para assistir o jogo dentro da empresa. É uma oportunidade de promover a integração, e que tem reflexos positivos para o trabalho em equipe”, destaca Maria.

Criar áreas para que os funcionários possam ver os jogos e torcer juntos na empresa, diz a executiva, ajuda a motivar esses colaboradores, reduz o tempo perdido em locomoção, caso eles fossem dispensados para sair do local de trabalho durante a partida, e melhora o “espírito de equipe”.

 

 

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