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“Quem chama o regime militar de ditadura não reconhece o que era”, disse o candidato à vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Mourão, ao citar excessos

Candidato a vice irritou Bolsonaro ao criticar o 13º salário e falar em famílias "desajustadas". (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

Candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB) relativizou excessos cometidos pela ditadura militar no Brasil, ao dar entrevista para a rádio “Jovem Pan”, na manhã desta segunda-feira (10). Segundo ele, “Quem chama o regime militar de ditadura não reconhece o que era” e o AI-5 “não foi utilizado tantas vezes assim” e casos de tortura ocorreram porque o País estava “em guerra” contra grupos armados que queriam implementar a “ditadura do proletariado”.

Ao longo da entrevista, Mourão afirmou que não vê preconceito no Brasil, defendeu o liberalismo econômico e disse acreditar que o atentado sofrido por Bolsonaro na última quinta-feira, em Juiz de Fora (MG), não foi coisa de uma pessoa só.

“Considero que as pessoas que chamam o período de regime militar de ditadura não reconhecem o que era realmente”, disse o general. “Era um regime autoritário? Era um regime autoritário, sim. Ela teve um instrumento de exceção durante dez anos, que foi o AI-5, e que não foi usado tantas vezes assim.”

O candidato prosseguiu dizendo que, naquele momento, o mundo vivia o impacto da Guerra Fria e, no Brasil, grupos armados atacavam o Estado.

“E não era para acabar com a ditadura (militar). Eles queriam implementar outra ditadura, que era a do proletariado. E o Estado se defendeu. Excessos houve? Sim, mas isso é guerra. E na guerra excessos acontecem.”

Questionado se a tortura seria um desses excessos, Mourão respondeu que sim.

O general também foi cobrado sobre declaração que deu na sabatina da GloboNews, sexta-feira, quando afirmou que numa situação hipotética de “anarquia generalizada”, poderia haver um “autogolpe” por parte do presidente com apoio das Forças Armadas.

Na definição do militar, “anarquia generalizada” é um Estado em que há desrespeito ao princípio de autoridade, grupos armados e “vandalismo por todo o País”. Segundo ele, no momento, não há “nenhuma possibilidade de isso acontecer”.

Ao responder a uma questão sobre o perfil dos homicídios, que vitimam, principalmente jovens negros e pobres, ele afirmou que não vê preconceito no País. Mourão já se envolveu em polêmica ao declarar, em agosto, que os brasileiros têm “certa herança” da “indolência” do indígena e da “malandragem” do africano.

” Não vejo preconceito no Brasil. Fiquei 50 anos numa instituição, onde isso não existe.”

Ao longo da entrevista, parte de uma série com outros candidatos a vice-presidente feita pela rádio “Jovem Pan”, Mourão revelou acreditar que o ataque a faca sofrido por Bolsonaro foi orquestrado por um grupo. Por enquanto, apenas Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, autor da facada, foi indiciado pelo crime.

Mourão voltou a dizer que o candidato a presidente da sua chapa é Bolsonaro e que não deve assumir a agenda do deputado federal, internado na UTI do Hospital Albert Einstein. Ainda assim, arriscou palpites para a estratégia de reverter a rejeição de parte do eleitorado – a última pesquisa Ibope identificou aumento de 37% para 44% entre quem não vota no capitão:

“Não vamos dizer que é Bolsonaro ‘paz e amor’, mas colocar que é um homem razoável. E essa questão da (forma como trata a) mulher, que tem sido explorada, vamos dizer que é homem que trata as pessoas de forma gentil.”

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