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Saiba quem são Jorge Messias e Rodrigo Pacheco, cotados para vaga de ministro do Supremo

Messias (E) é próximo do PT e evangélico; Pacheco (D) tem mais apoio do mundo político. (Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A vaga para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), aberta com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, tem dois nomes como favoritos nos bastidores de Brasília: o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o senador e ex-presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Eles têm perfis diferentes e são apoiados por correntes distintas da política. A indicação cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e depois tem que ser aprovada pelo Senado.

O desafio de Lula é escolher um nome por quem sinta confiança dentro do STF — uma vez que a Corte tem sido cada vez mais decisiva na vida nacional — e, ao mesmo tempo, não desagrade ao Congresso e ao mundo jurídico.

Como têm dito interlocutores do presidente, um nome fraco pode queimar pontes entre o Palácio do Planalto e os demais poderes da República, ou até mesmo ser rejeitado no Senado.

A Constituição só manda que o escolhido tenha “notável saber jurídico” e reputação ilibada, além de ter mais de 35 anos e menos de 70.

Jorge Messias

Messias, de 45 anos, é de confiança de Lula e do PT. Fez carreira ligado ao partido e, dentro do governo, é visto como hábil conhecedor das leis e do mundo jurídico.

Ele é advogado-geral da União desde 2023, quando o presidente iniciou o novo mandato. Desde então, tem atuação considerada sólida na defesa dos interesses do governo junto à Justiça.

Conta a seu favor também o fato de ser evangélico, o que poderia dar força para o governo nesse segmento da população, que tende mais à ala conservadora da política.

Em 2015, quando Messias era subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, o então juiz Sérgio Moro divulgou uma covnersa da então presidente Dilma Rousseff em que a qualidade do áudio faz parecer que ele era chamado de “Bessias”.

Rodrigo Pacheco

Político e empresário, construiu sua influência no Senado após comandar a casa entre 2021 e 2024.

Quando ganhou a primeira eleição para presidente do Senado, sucedeu o então ex-presidente Davi Alcolumbre (União-AP), de quem se tornou próximo e de quem contou com o apoio para conquistar votos.

Alcolumbre é novamente o presidente do Congresso e um dos principais cabos partidários de Pacheco para o STF. Além disso, Lula conta com Alcolumbre para ter apoio de setores do União Brasil ao governo, uma vez que não é possível no momento ter o partido inteiro ao seu lado.

Pacheco, de 48 anos, presidiu o Congresso em dois momentos marcantes para a história do País: durante o início e auge da pandemia de covid e durante as tentativas de golpe de Estado do grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A postura de Pacheco, de não aceitar as investidas negacionistas e golpistas, o colocou em descrédito com bolsonaristas, mas o aproximou de Lula, apesar das diferenças políticas e ideológicas.

Lula quer também apoio do PSD, partido de Pacheco, para as eleições de 2026. Se não der para ser o partido inteiro, que sejam alas. Por isso, o presidente cogitava impulsionar a campanha de Pacheco para o governo de Minas Gerais no ano que vem. A aposentadoria antecipada de Barroso pode mudar os planos.

Pacheco é visto com bons olhos no Senado e no Supremo.

— O que pesa a favor de Jorge Messias:

* É muito próximo do presidente Lula e conta com a confiança pessoal dele.

* Se o presidente mantiver o critério que usou nas indicações de Cristiano Zanin e Flávio Dino — o da lealdade e confiança direta —, Messias sai na frente.

* É evangélico, o que pode ajudar a quebrar resistências de alas mais conservadoras do Senado na sabatina.

— O que pesa a favor de Rodrigo Pacheco:

* Tem o apoio de Davi Alcolumbre, aliado influente do Planalto e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado — justamente quem conduz a sabatina.

* Também é defendido por ministros do Supremo próximos ao governo, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e o próprio Zanin.

* Já sinalizou publicamente que aceitaria a indicação “com muita honra”.

* Como é senador, sua aprovação no plenário seria mais fácil e rápida.

 

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