A alta do dólar favoreceu o ganho em reais com as exportações, porém esse efeito não tem sido suficiente para elevar o volume exportado e frear a retração do PIB (Produto Interno Bruto). Mesmo com a balança comercial no azul no primeiro semestre, o Brasil continua com uma das participações mais baixas do mundo no comércio exterior, segundo dados do Banco Mundial.
O dólar avançou 16,9% de janeiro a junho, mas o volume exportado pela média diária caiu 14,7% neste mesmo período, para 94,3 bilhões de dólares. O saldo da balança fechou o semestre com o melhor resultado desde 2012 – mais ajudado pela forte queda de 18,5% nas importações, do que pelas vendas ao exterior.
Com isso, a troca de mercadorias do Brasil com o mundo está menor. Em 2014, o volume exportado somou 225 bilhões de dólares – só 11,5% do PIB nacional. A média mundial foi de 29,8%.
Dados do Banco Mundial mostraram que, no ano passado, o Brasil só perdeu da República Central Africana na quantidade de bens e serviços exportados e importados em relação ao PIB. “A nossa existência no mercado internacional é insignificante. O Brasil participa com algo em torno de 1% do comércio exterior mundial”, analisou o economista e professor das Faculdades Rio Branco, Carlos Stempniewski.
Parceiros enfraquecidos
Os principais destinos dos produtos brasileiros, China e Estados Unidos, ainda levantam dúvidas sobre o vigor de suas economias. A China – que compra 18% de tudo o que o Brasil exporta – desvalorizou sua moeda, o iuan, para tentar fortalecer as exportações, e deverá crescer menos de 7% este ano.
Já os EUA, que respondem por 12,1% das compras dos produtos brasileiros no exterior, crescem em ritmo moderado, porém os sinais de recuperação ainda não são consistentes a ponto de o Banco Central norte-americano sentir segurança para anunciar quando vai elevar a taxa de juros.
Outros importantes parceiros comerciais, como Argentina, Venezuela, países da África e Rússia ou pararam de comprar ou compram muito pouco do Brasil, por estarem em situação econômica delicada, lembrou o professor das Faculdades Rio Branco.
Queda no preço das commodities pesa
O aumento das exportações beneficiou, principalmente, o setor de agronegócios. Mas Stempniewski ressaltou que a queda nos preços das commodities em um período recente reduziu os ganhos e a margem de lucro das empresas exportadoras.
O petróleo negociado em Nova York, por exemplo, perdeu 56% do valor nos últimos doze meses. No último mês, os preços do minério de ferro, negociado na China, chegaram aos menores níveis em dez anos, afetando diretamente os resultados da Vale, grande exportadora.
Embarques de soja e milho sobem 70%
O volume exportado cresceu para alguns segmentos, como o agronegócio. A escala de navios previstos para carregar grãos nos portos brasileiros, em agosto, era mais de 70% maior que na mesma época do ano passado, indicando uma forte demanda pelos produtos brasileiros. (AG)