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Rede de telescópios é criada para tirar a primeira foto de um buraco negro

As observações estão sendo realizadas agora, mas os dados só terão o processamento concluído no ano que vem (Foto: Reprodução)

Astrônomos de várias partes do mundo estão reunindo esforços para tentar conseguir a primeira imagem de Sagittarius A*, um buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia. O projeto Event Horizon Telescope consiste de oito radiotelescópios espalhados pelos EUA, Espanha, México, Chile e Antártica, que, entre os dias 5 e 14 de abril, estão trabalhando juntos como um poderoso “telescópio virtual” com quase o tamanho da Terra.

Dependendo das condições do tempo, os astrônomos esperam conseguir ao menos quatro ou cinco noites de observação. Todos os telescópios irão mirar para o mesmo lugar no espaço, para capturar os dados mais detalhados já conseguidos sobre Sagittarius A*, assim como o de um imenso buraco negro numa galáxia próxima chamada M87.

Reunidos, os telescópios irão gerar cerca de 2 petabytes de dados por noite, o suficiente para armazenar as informações do genoma de 2 bilhões de pessoas. A expectativa é que essas informações possam criar a primeira imagem do “evento horizonte” em torno de um buraco negro, o ponto sem retorno, onde as forças gravitacionais se tornam tão poderosas que se torna impossível escapar, até mesmo para a luz.

“O evento horizonte tem sido parte de uma mitologia científica, mas ele se tornará real, de certa maneira”, disse Heino Falcke, da Universidade Radboud, na Holanda, em entrevista à revista “New Scientist”.

As observações estão sendo realizadas agora, mas os dados só terão o processamento concluído no ano que vem. Entretanto, resultados de simulações devem ser divulgados antes.

De acordo com a teoria geral da relatividade, até mesmo a luz é dobrada por causa da intensa gravidade em torno de um buraco negro. Os astrônomos esperam que a imagem final mostre o lado do buraco negro em rotação na direção da Terra como uma luz brilhante crescente deformada nas bordas de Sagittarius A*, enquanto o lado mais afastado mostre uma luz menos intensa.

“Se você criar uma imagem a uma resolução nunca obtida antes, você poderá ver coisas que nunca tinha imaginado”, disse Stefan Gillessen, do Instuto Max Planck. “A primeira ativação do Event Horizon Telescope deve nos provar que o evento horizonte realmente existe. Rodadas futuras podem nos ajudar a compreender o básico do nosso universo.” (AG)

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