Ícone do site Jornal O Sul

Redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram têm apagado publicações de lideranças políticas e religiosas acusadas de disseminar informações enganosas sobre o coronavírus

A opção vai estar inserida na própria caixa de texto da publicação, com um ícone de calendário para agendar o conteúdo. (Foto: Reprodução)

Redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram têm apagado publicações de lideranças políticas e religiosas acusadas de disseminar informações enganosas sobre o novo coronavírus. Segundo o Twitter, que deletou dois vídeos publicados pelo presidente Jair Bolsonaro durante um passeio por cidades-satélite de Brasília, cerca de 1,1 mil mensagens de usuários de todo o mundo já foram apagadas desde o último dia 18.

Na data, a plataforma modificou sua política de uso para incluir um veto a conteúdos “que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais”.

Nos vídeos excluídos, Bolsonaro aparecia em conversas com trabalhadores informais e transeuntes nas ruas do Distrito Federal, enquanto fazia críticas às medidas de isolamento social chanceladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde de seu próprio governo.

Foi o segundo caso em que um chefe de Estado teve publicações apagadas pelo Twitter por causa da nova regra da plataforma, destinada a coibir conteúdos que, de acordo com a rede social, “possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19”. No último dia 25, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, teve um tuíte excluído por defender o “uso de plantas medicinais” no combate ao coronavírus. A OMS e demais autoridades de saúde pública ainda não identificaram qualquer medicamento com eficácia cientificamente comprovada contra o vírus. Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ironizou as publicações de notícias falsas em redes sociais, sem especificar a que se referia. “Aquele que divulga fake news, em vez de divulgar dez por dia, divulgue só duas, para matar a necessidade. Todo mundo precisa ajudar, até aqueles que divulgam fake news”, afirmou.

Assim como Maduro, seu desafeto político, Bolsonaro fez uma afirmação sem lastro científico durante o passeio por Brasília, quando declarou que o medicamento hidroxicloroquina “está dando certo em tudo quanto é lugar” no combate ao coronavírus. O vídeo foi excluído, além do Twitter, por Facebook e Instagram. Dois dias depois, em pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro reconheceu que “ainda não existe vacina, nem remédio com eficiência” comprovada.

Iunidade na “porcaria”

O Facebook e o Instagram informaram que as políticas de conteúdo de ambas as plataformas “não permitem publicação ou compartilhamento de conteúdo que traga desinformação capaz de causar danos reais às pessoas, incluindo alegações sobre curas de Covid-19”. O Facebook já removeu, em anos anteriores, publicações enganosas sobre doenças como sarampo e poliomielite, por entender que a manutenção das mensagens representava riscos à saúde pública.

Além das postagens de Bolsonaro e Maduro, o Twitter também excluiu uma mensagem publicada pelo ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, um dos principais conselheiros do presidente dos EUA, Donald Trump. Em publicação no último dia 27, Giuliani também anunciou uma suposta eficiência da cloroquina. O Twitter informou, após a publicação com conteúdo enganoso, ter bloqueado temporariamente a conta de Giuliani — uma espécie de “alerta” feito pela rede social para que o usuário remova a publicação falsa.

Em sua política de uso, o Twitter inclui na lista de postagens passíveis de remoção aquelas que contenham uma “negação das recomendações de autoridades de saúde locais ou globais”, incluindo conteúdos que sinalizem opiniões como “o distanciamento social não é eficaz”. Na última quinta-feira (2), o pastor Silas Malafaia teve sete tuítes excluídos pela rede social, alguns contendo vídeos nos quais fazia críticas à quarentena implementada por governadores e afirmava que a população mais pobre supostamente já seria“imunizada” ao vírus, por estar“sujeita a tanta porcaria” no dia a dia. As publicações também foram excluídas no YouTube e no Facebook, segundo Malafaia.

O Twitter também apagou, no último mês, postagens do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que traziam vídeos descontextualizados do médico Drauzio Varella, numa tentativa de minimizar o impacto do novo coronavírus. A plataforma informou que também considera enganosas quaisquer publicações que procurem “manipular as pessoas para um determinado comportamento”.

Sair da versão mobile