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Relevo radical em Plutão intriga cientistas

Imagens mostram um mundo complexo e geologicamente ativo. Crédito: Reprodução

A análise mais detalhada da superfície de Plutão já feita revelou uma variedade inesperada de montanhas, fluxos de geleiras, planícies lisas e outras paisagens, de acordo com estudos divulgados pela revista Science.

O olhar inédito sobre o chamado planeta-anão foi possível graças a fotos de alta resolução da espaçonave New Horizons, da Nasa (agência espacial americana). A sonda interplanetária fez a primeira visita da história a Plutão e às suas cinco luas em julho de 2015, após uma viagem de mais de 9 anos.

As imagens, análises químicas e outros dados mostram um mundo complexo e geologicamente ativo a cerca de 4,8 bilhões de quilômetros da Terra, com um oceano subterrâneo e vulcões que parecem expelir gelo.

“É um lugar bem selvagem geologicamente falando”, disse o cientista planetário William McKinnon, da Universidade Washington, de St. Louis, no Estado americano do Missouri. Outro cientista descreveu a diversidade das paisagens como “espantosa”.

As primeiras imagens revelaram uma grande característica em forma de coração esculpida à superfície de Plutão, dizendo aos cientistas que este “novo” tipo de mundo planetário – o maior, o mais brilhante e o primeiro a ser explorado da distante “terceira zona” do nosso Sistema Solar, conhecida como Cintura de Kuiper – seria ainda mais interessante e intrigante que o previsto.

Os artigos recém-publicados confirmam isso mesmo. “A observação de Plutão e sua lua Caronte de perto levou-nos a reavaliar completamente que tipo de atividade geológica pode ser sustentada em corpos planetários isolados nesta distante região do Sistema Solar, mundos que anteriormente se pensava serem relíquias pouco alteradas desde a formação da Cintura de Kuiper”, afirmou Jeff Moore, autor principal do artigo de geologia do Centro de Pesquisa Ames da Nasa.


Nuvens.

Acima da superfície, os cientistas descobriram que a atmosfera de Plutão contém neblinas em camadas e é mais fria e compacta do que se esperava. Agora, e-mails trocados entre cientistas da missão discutem a possibilidade de o planeta-anão também ter nuvens, o que aponta para uma riqueza atmosférica ainda maior.

Os primeiros indícios sobre a existência de nuvens em Plutão surgiram no ano passado. Will Grundy, do Observatório Lowell, no Arizona, enviou um e-mail ao grupo de discussões dedicado a análise do material enviado pela New Horizons. “Existem (…) algumas coisas parecidas com nuvens brilhantes que parecem estar acima ou sendo cortadas pela topografia”, escreveu.

A mensagem iniciou a discussão sobre a possibilidade de a New Horizons ter realmente captado imagens de nuvens no planeta, sobretudo pela dificuldade em observar sombras no solo. Os cientistas até mesmo debateram a diferença exata entre as possíveis nuvens e a neblina. Cerca de metade dos dados recolhidos durante o “flyby” da New Horizons já foram transmitidos, e espera-se que os dados sejam todos enviados até o final do ano.

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