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Responsável pelo maior recall da história automotiva, a fabricante japonesa de airbags Takata deve pedir a falência na semana que vem

Empresa começou fabricando paraquedas na Segunda Guerra Mundial. (Foto: AFP)

Nos próximos dias, a fabricante de airbags japonesa Takata Corp deve declarar a sua falência, segundo informaram fontes ligadas à empresa. A medida vem como uma preparação para a venda da companhia, fundada há 84 anos e responsável pelo maior recall da história automotiva: desde 2013, quando foi descoberto um defeito em seus produtos, já foram mais de 100 milhões de airbags substituídos.

Ao todo, os produtos foram considerados responsáveis por 17 mortes em acidentes de trânsito registrados em diversos países.
De acordo com as mesmas fontes, a Tanaka deve primeiramente ingressar com o pedido de falência em seu país de origem. Só depois a sua subsidiária norte-americana entrará no Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos.

Os crescentes gastos com a substituição dos airbags forçaram a Takata a procurar um possível comprador, que a ajudasse a arcar com o alto custo de seu processo de reestruturação.

Por meio dessa estratégia, a declaração de falência deixaria a empresa ainda mais próxima de uma possível venda à Key Safety Systems, fabricante do segmento nos Estados Unidos mas que pertence à chinesa Ningbo Joyson Electronic. A própria direção da Takata indicou a Key Safety como licitante prioritária para o negócio.

“Eles tentaram evitar a falência ao máximo”, afirmou à agência de notícias Bloomberg Scott Upham, presidente da Valient Market Research. “Mas as empresas interessadas na compra insistiram, para que pudessem administrar o montante das indenizações.”

A iniciativa marcará o fim de uma icônica empresa japonesa, que começou como fabricante de têxteis e chegou a produzir paraquedas em série para os militares do Exército Imperial Japonês, durante a Segunda Guerra Mundial (1937-1945).

Detalhe técnico

Os insufladores dos airbags contêm uma substância que fica instável após prolongada exposição ao calor e à umidade, rompendo o airbag e lançando fragmentos metálicos no ocupante do veículo.

A Honda, acionista da Takata e maior cliente da fabricante, começou o recall dos modelos Accord e Civic já em 2008, devido à esta falha. Além dela, mais de uma dúzia de montadoras tiveram que fazer recall de seus veículos, incluindo Volkswagen, Toyota e General Motors.

Brasil

Cinco fabricantes de módulos para airbags, cintos de segurança e volantes para veículos com filiais no Brasil são alvo de processo administrativo aberto pela Superintendência Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em investigação sobre suposta prática de cartel internacional, com efeitos no Brasil.

Conforme o órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, há indícios de que Autoliv, Takata, Tokai Rika, Toyoda Gosei e ZF/TRW combinavam preços, condições comerciais e até mesmo descontos em negociações e vendas para as montadoras. Elas também teriam promovido um “fatiamento” do mercado entre elas, impedindo assim a concorrência.

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