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“Resposta” à condenação de Bolsonaro prometida por secretário de Trump pode ocorrer durante viagem de Lula aos Estados Unidos

Integrantes do governo Lula avaliam que, dessa vez, os anúncios podem ser sanções individuais com foco em autoridades. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e discursar na abertura do encontro na próxima terça-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, sinalizou que novas medidas, em retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista, serão anunciadas na “próxima semana”.

Rubio, que comanda a diplomacia do país, chamou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de “juízes ativistas” e disse, sem citar nominalmente Alexandre de Moraes, que um magistrado tentou “impor reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos”.

Após a condenação de Bolsonaro, o secretário de Donald Trump já havia afirmado que os EUA iriam “responder adequadamente” ao que definiu como “caça às bruxas”, em referência ao julgamento do aliado.

Nos últimos meses, em meio à escala da crise diplomática entre os países, parte dos produtos brasileiros se tornou alvo de um tarifaço de 50%, e Moraes passou a integrar a lista de sancionados pelo país na chamada Lei Magnitsky, que impõe uma série de restrições financeiras. A resposta ocorreu após a articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos EUA.

A Magnitsky foi, originalmente, criada para atingir pessoas físicas e jurídicas acusadas de infringir direitos humanos ou de atos graves de corrupção, mas passou a ser usada por Trump como forma de pressionar o Judiciário brasileiro. As restrições incluíram o bloqueio de cartões das bandeiras Visa e Mastercard mantidos pelo Banco do Brasil.

Agora, Rubio indicou que o país avalia “medidas adicionais”, sem antecipar quais seriam. Na entrevista, Rubio também disse que o julgamento no STF foi “apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial que tentou atingir empresas americanas e até pessoas operando a partir dos Estados Unidos”.

“Você tem esses juízes ativistas, um em particular que não apenas perseguiu Bolsonaro, mas também tentou impor reivindicações extraterritoriais até contra cidadãos americanos, ou contra alguém postando online de dentro dos Estados Unidos, e chegou a ameaçar ir ainda mais longe nesse sentido”, disse na entrevista, que também foi transcrita e replicada pelo Departamento de Estado.

A reação americana já era esperada por integrantes do governo brasileiro, que avaliam que, dessa vez, os anúncios podem ser sanções individuais com foco em autoridades brasileiras, como aconteceu com Moraes. Além do relator da ação sobre a trama golpista, sete integrantes do Supremo tiveram os vistos americanos suspensos, com exceção dos ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro, e Luiz Fux, único integrante da Primeira Turma que votou pela absolvição do ex-presidente na semana passada.

Interlocutores do governo ouvidos também avaliam que o presidente americano deverá recalibrar suas próximas ações com a extrema direita, a exemplo do que aconteceu com a Índia, taxada por comprar petróleo da Rússia. O Brasil, por sua vez, compra fertilizantes dos russos, mas se for punido por isso, haverá problemas com o agronegócio, base eleitoral da oposição bolsonarista. Outra avaliação é que Trump fez uma declaração branda sobre a condenação de Bolsonaro, ao dizer que considerou “terrível” o resultado do julgamento e que gosta muito do ex-presidente.

 

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