Ícone do site Jornal O Sul

Retomada de veículos por falta de pagamento de prestações cresce 20%

Pátios das montadoras estão lotados, de acordo com empresas de cobrança. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

A inadimplência no financiamento de veículos para pessoas físicas está estacionada em 3,9% desde dezembro de 2014, segundo o Banco Central. Mas empresas de recuperação de crédito registram um salto na retomada de automóveis por atraso nos pagamentos.

Na carteira da Siscom, empresa que presta serviço de recuperação de crédito de veículos para sete bancos em todo o País, houve um aumento de 21,4% no número de veículos retomados entre janeiro e julho deste ano, na comparação com 2014. Tem havido uma quantidade surpreendente de entregas “amigáveis”, ou seja, em que o cliente admite sua incapacidade de honrar o financiamento e devolve o bem, conforme Satoshi Fukuura, presidente da empresa. Esse tipo de devolução cresceu 35% na carteira da Siscom, enquanto a retomada pela via judicial registrou um aumento de 13,24%.

A elevação, de acordo com Fukuura, é fruto da lentidão econômica. “Vemos que a capacidade de pagamento do consumidor tem sido corroída pelo descontrole financeiro provocado pelos aumentos nas contas de água e luz e pela perda do emprego”, afirmou.

A profundidade da crise atual tem feito muitos bancos perderem o interesse em recuperar os automóveis, observa Leonardo Corrêa Leal, diretor-executivo de outra empresa de cobrança, a Proativa. Em vez desse desfecho drástico, de acordo com ele, as instituições têm preferido oferecer promoções aos devedores, para reaver de forma ágil pelo menos parcela do crédito.

Publicidade

“Os pátios das montadoras estão lotados, há uma dificuldade enorme para vender veículos. Os bancos sabem que, se o carro for a leilão, haverá depreciação do bem. Além disso, o veículo às vezes é devolvido com multas e avarias”, afirmou Leal, cuja carteira, focada em automotivos com atraso superior a um ano e meio, cresceu 20% nos últimos 12 meses.

A saída encontrada por muitos bancos é renegociar com condições mais favoráveis aos clientes. “A campanha que se fazia no fim de ano, por causa do 13 salário, agora está sendo feita o ano inteiro. Dependendo do tempo em atraso, alguns bancos concedem até 100% de desconto na multa e nos juros. Outras vezes, realoca para o fim do contrato as parcelas não pagas. O objetivo é colocar o devedor em dia”, acrescentou o diretor-executivo. (Rennan Setti/AG)

Sair da versão mobile