Menos de uma semana após virar réu no STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, recebeu dezenas de delegados da PF (Polícia Federal) em seu gabinete nessa terça-feira. Os profissionais vieram lhe pedir apoio na tramitação de PEC (proposta de emenda à Constituição) que dá autonomia funcional, administrativa e financeira para a corporação. A inusitada presença de delegados no gabinete de um réu gerou comentários irônicos até mesmo de deputados que dão apoio ao peemedebista.
“Você viu? Tem um monte de PF na sala dele e não vieram para levar o Cunha!”, disse um dos principais aliados do presidente.
O encontro foi organizado pelo deputado Fernando Francischini (SD-PR), que teria sido citado na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Francischini é delegado da PF e também brincou quando foi questionado se o agente Newton Ishii, mais conhecido como “Japonês da Federal”, estava entre os presentes. “O japonês hoje não veio. Ele tem que cuidar das coisas dele lá no Paraná”, disse.
Presidente da Associação Nacional de Delegados da PF, Carlos Eduardo Miguel Sobral, disse não ter constrangimento em pedir apoio a um réu na Lava-Jato para conseguir levar adiante a pauta de sua classe. “Ele é o presidente da Câmara, representa um poder e nessa qualidade foi visitado”, avaliou Sobral. (AG)