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Revelações de diálogos comprometem chance de indicação de Sérgio Moro ao Supremo

O presidente disse estar conversando com o ministro da Justiça (E) para que o porteiro seja ouvido pela PF. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

As reportagens do site The Intercept Brasil com bastidores da Lava-Jato caíram como uma bomba em Brasília. Na véspera, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) souberam que haveria um “Wikileaks de Curitiba”, mas sem pistas do potencial das revelações, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo.

Membros do Supremo dizem que o conteúdo das revelações é forte e abre margem para questionar a atuação de Sérgio Moro como juiz. Um pedido de suspeição do hoje titular do Ministério da Justiça foi rejeitado por Edson Fachin, mas segue sob análise da Segunda Turma. Dormita nas mãos de Gilmar Mendes, que pediu vista.

Integrantes do Judiciário dizem que, hoje, as chances de uma indicação de Moro ao STF vingar são próximas de zero. A indisposição de parte da Corte com o titular da Justiça é evidente.

Bolsonaro

No início deste mês, depois de questionar se “não está na hora de termos um ministro do STF evangélico”, o presidente Jair Bolsonaro fez menção a um “Brasil de todas as religiões” e compartilhou em redes sociais um vídeo com referências católicas. Ele também evitou se comprometer com a indicação de Moro ao Supremo.

“O Brasil de todas as religiões sabe que a liberdade é o bem maior de um povo. Brasileiro, olhe o que Israel não tem e o que eles são”, publicou Bolsonaro, que visitou o país de maioria judaica em abril.

“Veja o que nós no Brasil temos, e o que não somos. Juntos, com fé, muito trabalho e oração, colocaremos nossa Pátria no local destaque que merece”, completou.

Mais tarde, ao deixar um almoço na casa de um colega militar, o presidente afirmou que falaria o nome do indicado ao STF no final do próximo ano e se esquivou sobre a indicação do ministro Sérgio Moro à Corte. “Eu sempre falei, durante a pré-campanha e a campanha, que queria alguém no Supremo do perfil do Moro. Mas nada além disso.”

Em redes sociais, o presidente voltou ao tema escrevendo: “O Estado é laico, mas eu sou cristão. Não está na hora de o Supremo ter um ministro evangélico?”. Ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro perguntou a apoiadores reunidos se eles haviam gostado do “evangélico no Supremo”.

O primeiro ministro do Supremo que deve deixar a Corte é o decano Celso de Mello, que completa 75 anos – a idade de aposentadoria obrigatória – em novembro de 2020. A segunda vaga no STF deve ficar disponível com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.

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