A crise em torno de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preocupa o PSDB e obriga seus principais líderes a rever os estratagemas montados até agora com objetivo de substituir Dilma Rousseff na Presidência.
Se, de um lado, a instalação – determinada pelo presidente da Câmara dos Deputados – de mais duas CPIs para investigar o governo federal ajuda a oposição, de outro, um eventual enfraquecimento do peemedebista pode tirar dos tucanos seu maior ardil institucional contra a presidenta.
No comando da Casa, o parlamentar sempre funcionou para os tucanos como um posto avançado de desgaste para a mandatária e, dessa forma, se tornou peça essencial da munição da oposição contra Dilma e o PT. Se ele deixar o cargo ou permanecer nele com um poder esquálido, os tucanos e seus aliados na oposição terão de redesenhar os projetos de voltar ao Planalto.
Segundo líderes do PSDB, todos os interesses do partido passam, de alguma maneira, por Cunha. Por isso, o partido aguardará os desdobramentos da crise desencadeada com o depoimento do lobista Julio Camargo, que o acusou de ter cobrado 5 milhões de dólares de propina. O efeito imediato foi uma aproximação com a oposição, o que resultou na criação das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão, duas antigas bandeiras dos tucanos.
“O caminho da oposição depende muito do que Eduardo Cunha fará. Serão três CPIs funcionando [com a da Petrobras] contra Dilma e mais uma frente no Tribunal de Contas da União. Neste momento, Cunha dá força para a oposição”, disse o secretário-geral do PSDB nacional e deputado federal Silvio Torres (SP).
