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Rússia diz não ver condições para final pacífico da guerra na Ucrânia

A ofensiva russa no país completou um ano na semana passada. (Foto: Reprodução)

A Rússia afirmou na segunda-feira (27) que o plano proposto na semana passada pela China para resolver o conflito na Ucrânia “merece atenção”, mas que as condições necessárias para uma solução “pacífica” não estão presentes no momento. Na última sexta-feira, quando a ofensiva russa completou um ano, a China publicou um documento de 12 pontos, rejeitado pelo Ocidente, que pede a Moscou e Kiev o início de negociações de paz.

“Consideramos o plano de nossos amigos chineses com grande atenção. É um processo longo. No momento, não vemos as premissas para que o assunto possa seguir uma via pacífica”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “A operação militar especial [na Ucrânia] continua.”

Embora os aliados ocidentais de Kiev tenham mostrado grande ceticismo sobre a proposta chinesa, que sequer descreve a situação na Ucrânia como uma invasão ou guerra e se inclina para as posições do Kremlin, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na semana passada que gostaria de se encontrar com seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Zelensky também disse que quer que Pequim se junte às negociações de paz propostas pela Ucrânia para acabar com a invasão russa do país.

Ao mesmo tempo, o Kremlin chamou na segunda-feira de “absurdo” o novo pacote de sanções imposto pela União Europeia (UE) à Rússia na sexta-feira, que afeta 121 indivíduos e instituições.

“Tudo isto é absurdo. Vemos que impõem sanções a qualquer um (…) apenas para elaborar novas listas”, afirmou Peskov, antes de acrescentar que as medidas não devem afetar as pessoas citadas.

Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que o Ocidente falhou em suas tentativas de “isolar” e “até mesmo desmembrar” a Rússia.

“Quero enfatizar que não apenas frustramos os planos do Ocidente de isolar e até desmembrar a Rússia, mas também garantimos a cooperação contínua com a esmagadora maioria dos membros da comunidade internacional”, disse o chanceler em uma reunião com os chefes das representações de sua Pasta nos entes federados do país, segundo a agência Tass.

O diplomata também assegurou que “a futura ordem mundial está sendo decidida neste momento”. Nesse sentido, ele ficou satisfeito por “gigantes como a China e a Índia”, assim como muitos outros países, não terem dado as costas a Moscou.

As palavras de Lavrov vêm depois que o diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), William Burns, afirmou há alguns dias que está “certo” de que a liderança do poder chinês está debatendo se deve fornecer assistência militar a Moscou.

De fato, o secretário de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, garantiu que qualquer contribuição militar de Pequim que ajude a Rússia na invasão da Ucrânia terá “custos reais para a China”. Até agora, entretanto, Pequim não deu nenhum passo para fornecer ajuda militar a Moscou, mas também não descartou completamente essa opção, de acordo com informações aliadas.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, alertou o Ocidente na segunda-feira que continuar armando a Ucrânia levará a um apocalipse, em artigo publicado no jornal russo Izvestia.

“Nossos inimigos fazem exatamente isso [armando a Ucrânia] sem entender que seus objetivos levam a um fiasco total, ao fracasso, à perda de todos, a um apocalipse”, escreveu Medvedev, que foi presidente da Rússia de 2008 a 2012. No artigo, o político russo acrescentou que “a vida anterior terá de ser esquecida por séculos, até que os escombros fumegantes parem de emitir radiação”.

Medvedev destacou que no Ocidente “persiste a ilusão febril de que depois de acabar com a União Soviética sem um único tiro, eles poderão enterrar a Rússia de hoje sem grandes problemas”. Segundo o ex-mandatário, trata-se de um “erro extremamente perigoso”. “Se a existência da Rússia for realmente questionada, isso não será resolvido na frente ucraniana, mas junto com a questão da futura existência da civilização humana”, apontou Medvedev, acrescentando: “Não precisamos de um mundo sem Rússia”.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente garantiu que Moscou não permitirá que os eventos tomem esse rumo. “E não estamos sozinhos nesse esforço. Os países ocidentais e seus satélites representam apenas 15% da população do planeta. Somos muitos mais e muito mais fortes”, acrescentou. As informações são dos jornais O Globo e El País e da agência de notícias AFP.

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