Durante os últimos quatro anos, sob o governo do presidente Donald Trump, os Estados Unidos viveram uma revolução conservadora no Judiciário, passaram por um acirramento da guerra cultural causada pela polarização extrema e viram uma economia que crescia entrar em declínio com a pandemia do novo coronavírus.
Ainda que nunca tenha sido um cristão praticante, Trump consolidou a aliança dos políticos republicanos com os cristãos conservadores, que se tornaram um dos pilares de apoio a seu governo. Para eles, os quatro anos que Trump esteve no poder significaram um período de promessas cumpridas e reconhecimento de uma voz que até então se sentia negligenciada e mesmo menosprezada por Hollywood e pela mídia.
Uma das razões desse apoio foi a revolução conservadora promovida por Trump nos tribunais federais dos Estados Unidos. Com a ajuda do Senado, o republicano foi o mandatário que mais nomeou juízes desde 1981, a ponto de hoje dois terços dos magistrados federais terem sido indicados po ele. Alinhados à ideologia do presidente, os magistrados indicados são, em sua maioria, defensores de uma leitura ao pé da letra da Constituição americana, que data de 1787.
Em quatro anos Trump também fez três indicações à Suprema Corte, instância máxima da Justiça dos EUA – a última foi da juíza Amy Coney Barrett, confirmada pelo Senado a duas semanas das eleições.
Acenando a um lado da população e virando as costas a outro, o governo Trump aprofundou ainda mais a polarização que já existia no país – acirrando uma guerra cultural alimentada por mentiras e teorias conspiratórias.
Na política externa, embora tenha evitado novas guerras e tirado o foco do combate ao terrorismo, seu discurso nacionalista abalou o prestígio do país e degastou seu “poder brando”, um dos principais instrumentos da liderança internacional americana.
Durante seu governo, o republicano abriu uma guerra comercial com a China e as relações entre Washington e Pequim chegaram a seu pior momento – agravado ainda mais com a crise do coronavírus. Sua política migratória promoveu a separação de famílias na fronteira, reduziu a concessão de refúgio e limitou a entrada de cidadãos de países muçulmanos.
A economia era um dos pilares da campanha à reeleição de Trump. Com juros ainda mais baixos, os Estados Unidos haviam chegado à menor taxa de desemprego em 50 anos, ainda que a guerra comercial não tenha reduzido o déficit na balança comercial do país nem promovido a recuperação dos empregos industriais que havia sido prometida pelo republicano. Então, veio a crise do coronavírus e os números se inverteram.
O desemprego chegou a 14,7%, o maior da história desde a Grande Depressão dos anos 1930. Em pacote aprovado pelo Congresso, foram injetados US$ 2 trilhões para aliviar os impactos negativos da crise, que incluíam ajuda a pequenas e grandes empresas e um auxílio emergencial de US$ 1.200 por pessoa. Porém, a chamada recuperação em “V” não aconteceu. As informações são do jornal O Globo.