Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 se encerram neste domingo (8), mas muitos debates levantados durante a temporada devem seguir pelos próximos anos.
Principalmente durante a preparação dos atletas para a próxima edição dos Jogos Olímpicos, que acontecem em Paris, em 2024. O antidoping será um dos assuntos mais comentados pelos próximos anos. A suspensão de Tandara, uma das principais jogadoras do time feminino de vôlei, abriu questionamentos sobre os exames realizados para identificar substâncias vetadas no corpo de atletas. Ela fez o exame antes de viajar a Tóquio, chegou a competir, mas precisou voltar após o resultado
A atleta foi suspensa por usar um anticoncepcional para controle menstrual. Algo que, para leigos, parece um excesso, considerando que toda mulher tem direito ao controle do seu próprio corpo – e isso inclui atletas de alto nível.
A ginecologista obstetra e perita médica nacional do Projeto Justiceiras Camilla Pinheiro explica que “qualquer hormônio de utilização externa detectado no corpo de atletas pode ser considerado doping pelo COI”.
A delegação de atletismo dos Estados Unidos perdeu uma de suas principais estrelas. Sha’Carri Richardson, um dos fenômenos atuais da modalidade, ficou de fora das Olimpíadas por ter testado positivo para THC – substância psicoativa presente na maconha.
A Casa Branca chegou a recorrer da decisão, argumentando que a substância é legalizada em Oregon, onde a prova de seletiva que Richardson participou aconteceu. Mas ainda assim, o país não conseguiu levá-la para Tóquio.
Como funciona
Os critérios são muito rigorosos? As regras precisam ser mudadas? Estas perguntas fazem parte do debate entre comissões esportivas por todo o mundo. Mas, enquanto as conversas não geram mudanças, o exame antidoping continua acontecendo.
Para isso, o atleta precisa ser selecionado para esta avaliação, que pode acontecer durante ou fora de uma competição. Quando realizado no meio dos torneios, os exames partem de uma seleção aleatória, mas também podem ocorrer a qualquer hora ou lugar – e até em períodos de disputas.
Faz parte das regras da Agência Mundial Antidoping (WADA na sigla oficial) que um agente se apresente para o atleta e conduza o procedimento, que acontece na estação de controle de dopagem. O agente fica ao lado do atleta durante toda a coleta.
O antidoping é realizado por meio da coleta de urina e/ou sangue (no futebol, apenas urina), para busca científica pelas substâncias proibidas pela WADA, que são: estimulantes, diuréticos, narcótico-analgésicos, betabloqueadores, hormônios de crescimento (hGH) anabolizantes e doping genético.
As informações são enviadas para um laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidopagem (WADA) para análise e, após a recepção do material coletado, as amostras, separadas em A e B, recebem um código interno no laboratório. Os primeiros critérios a serem medidos pelo controle antidopagem são o pH e a densidade da urina.
As amostras são separadas porque não é possível detectar todas as substâncias proibidas possíveis em um mesmo exame. Logo, a amostra B fica congelada em caso de necessidade de reavaliação. Lembrando que o termo “positivo”, no exame antidoping, só pode ocorrer se a substância proibida também estiver contaminada. Se for o caso, o atleta será levado a julgamento e receberá punição.