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Saiba o que o encontro no Alasca significa para Trump, Putin e Zelensky

O presidente norte-americano não detalhou, mas disse novamente que Putin enfrentará "uma situação difícil" se optar pela guerra.(Foto: Reprodução)

O encontro realizado no Alasca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, foi anunciado como um passo fundamental rumo à paz na guerra na Ucrânia. Mas, sem anúncio de acordo de cessar-fogo ou um consenso em relação a todos os itens que estavam na pauta, a reunião de quase três horas dessa sexta-feira (15) terminou com mais perguntas do que respostas.

Na manhã desse sábado (16), Trump participou de ligações com aliados dos EUA da Europa e o ucraniano Volodymyr Zelensky, que confirmou um encontro com o presidente americano em Washington nesta segunda-feira.

Após os telefonemas, o republicano afirmou nas redes sociais que a melhor maneira de acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia “é ir diretamente para um acordo de paz” em vez de um cessar-fogo temporário “que muitas vezes não se mantém”.

“Parceiro e amigo”

O líder russo foi recebido com um tapete vermelho estendido sobre a pista da Base Conjunta Elmendorf-Richardson. Quando Putin se aproximou, Trump aplaudiu. Os dois líderes apertaram as mãos calorosamente e sorriram.

O simples fato da cúpula do Alasca ter acontecido já foi uma vitória para Putin. Mas a recepção dada ao líder russo teria superado até os sonhos mais loucos do Kremlin.

Em apenas seis meses, Putin deixou de ser um pária aos olhos do Ocidente para ser recebido em solo americano como um parceiro e amigo.

Para completar, em um momento aparentemente improvisado, Putin decidiu aceitar uma carona até a base aérea na limusine blindada de Trump, em vez de dirigir seu próprio carro presidencial com placa de Moscou. Quando o veículo se afastou, as câmeras focalizaram Putin, sentado no banco de trás, rindo.

“Vitória clara” de Putin

Apesar de ter enfrentado questionamentos da imprensa de uma maneira com a qual não está acostumada, analistas também enxergaram a participação do presidente russo na cúpula como uma “vitória clara”.

A imprensa mundial reunida no Alasca esperava que uma coletiva de imprensa fosse realizada após a reunião, mas Putin e Trump apenas deram declarações e não responderam a perguntas dos repórteres.

Excepcionalmente, Putin foi o primeiro a falar. Ele elogiou a “atmosfera construtiva de respeito mútuo” das negociações de “vizinhança” e, em seguida, se dedicou a falar sobre o passado do Alasca como território russo.

Enquanto Putin falava, Trump permaneceu em silêncio. Para Anthony Zucker, correspondente para América do Norte da BBC, a cena foi totalmente diferente do que costuma acontecer em encontros com outros líderes na Casa Branca, quando o presidente dos EUA costuma ser cortejado enquanto seu homólogo estrangeiro observa sem fazer comentários.

Um Trump contido

Extraordinariamente – dado o contexto e a premissa da cúpula – quando chegou a vez de Trump falar, ele não mencionou a Ucrânia nem a possibilidade de um cessar-fogo. O mais próximo que o presidente americano chegou de se referir ao conflito foi dizer que “cinco, seis, sete mil pessoas por semana” são mortas e observar que Putin também queria ver o fim do derramamento de sangue.

O geralmente loquaz Trump parecia ter menos a dizer do que Putin. Sua declaração foi notável por sua relativa e incomum brevidade – mas principalmente por sua imprecisão. “Houve muitos, muitos pontos em que concordamos”, disse Trump, acrescentando que “grande progresso” havia sido feito em uma “reunião extremamente produtiva”.

Repercussão

Após o encontro, Trump participou de conversas por telefone com o ucraniano Volodymyr Zelensky e representantes da Europa. Logo após, um grupo de líderes europeus publicou uma declaração conjunta dizendo que “o próximo passo agora deve ser novas conversas, incluindo o presidente Zelensky”.

Segundo o comunicado, assinado por França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Polônia e representantes da União Europeia, a Europa estaria pronta “para trabalhar com o Presidente Trump e o Presidente Zelensky rumo a uma cúpula trilateral com apoio europeu”.

“Estamos prontos para manter a pressão sobre a Rússia”, afirma o comunicado, acrescentando que “a Ucrânia pode contar com nossa solidariedade inabalável enquanto trabalhamos por uma paz que salvaguarde os interesses vitais de segurança da Ucrânia e da Europa”.

Já Volodymyr Zelensky afirmou ter dito a Trump que as sanções contra a Rússia deveriam ser reforçadas “se não houver uma reunião trilateral ou se a Rússia tentar evitar um fim honesto para a guerra”.

“As sanções são uma ferramenta eficaz”, disse o presidente ucraniano em um comunicado, reiterando também que “todas as questões importantes para a Ucrânia devem ser discutidas com a participação da Ucrânia, e nenhuma questão, particularmente as territoriais, pode ser decidida sem a Ucrânia”.

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