A mansão do senador Romário (PL-RJ) na Barra da Tijuca, que foi posta em leilão pela Justiça do Rio para quitar uma dívida milionária, já passou por outras personalidades ligadas ao futebol antes de ser comprada pelo ex-jogador. A casa, que fica em um condomínio denominado “Núcleo da Mansões”, foi avaliada em R$ 9 milhões para o lance inicial do leilão, marcado para o próximo dia 23.
Ao jornal O Globo, o senador afirmou que entrou com recurso judicial para tentar impedir o leilão, que envolve ainda três carros e uma lancha atribuídas a ele.
Embora a casa nunca tenha sido passada para o nome de Romário, ela é usada pelo senador desde 2016, quando ele comemorou seu aniversário no local. Romário também já apareceu em publicações nas redes sociais com familiares e amigos na casa, onde também já concedeu entrevistas.
A matrícula do imóvel registrada em cartório aponta como última proprietária a advogada Adriana Sorrentino Borges, ex-mulher do também ex-jogador de futebol Edmundo, que atuou com Romário em clubes como Vasco, Flamengo e Fluminense.
Adriana recebeu o imóvel em 2013, como parte do seu acordo de separação com Edmundo. Romário comprou a casa de Adriana no fim de 2015.
Antes, Edmundo havia adquirido a mansão em 1996. Ele registrou ter feito pagamento de R$ 252 mil à imobiliária em valores da época, ou R$ 1,4 milhão corrigidos pela inflação.
A imobiliária, por sua vez, tinha comprado a casa em 1994 de outro nome que depois se tornaria conhecido no futebol: Peter Dirk Siemsen, pai do advogado Peter Siemsen, que foi presidente do Fluminense entre 2010 e 2016. O pai de Peter era dono do imóvel desde a década de 1980.
Segundo o edital do leilão, a mansão de Romário tem 896 m² de área edificada, em um terreno de 1,5 mil m² que beira a Lagoa da Tijuca. Imagens aéreas mostram que o local conta com piscina e campo de futebol.
O senador fez uma ampla obra na casa, que chegou a ser embargada pela prefeitura do Rio em dezembro de 2016, por falta de licenciamento. Em 2018, a prefeitura chegou a autorizar a demolição do imóvel devido às irregularidades, mas depois voltou atrás. No mesmo ano, a mansão foi penhorada pela Justiça do Rio para quitar dívidas do senador, e foi avaliada à época em R$ 5,8 milhões.
A dívida em questão é alvo de uma disputa judicial, que se arrasta há mais de duas décadas, entre Romário e uma empresa que prestava serviços à boate Café do Gol, da qual o hoje senador era um dos sócios. A boate encerrou suas atividades em 2001, e a empresa passou a cobrar o então jogador pela quebra de contrato e por supostos danos causados a seus equipamentos.
Na última estimativa apresentada pelos advogados da empresa à 4ª Vara Cível da Barra da Tijuca, onde corre o processo, a dívida de Romário estava estimada em R$ 24,3 milhões.
Nos últimos anos, o senador ocultou patrimônio em nome de familiares, o que dificultou a execução da dívida pelos credores. Após a compra da mansão na Barra da Tijuca, por exemplo, as cotas de IPTU do imóvel foram quitadas pela irmã de Romário, Zoraidi de Souza Faria, através de uma conta bancária da qual o próprio senador tinha procuração para movimentar seus recursos.
A defesa de Romário afirmou, em nota, que entrou com recurso contra a decisão que levou os bens do senador a leilão. “Cabe destacar que o processo em questão foi iniciado há mais de 20 anos, marcado por cobranças absolutamente desproporcionais e exorbitantes. A defesa de Romário seguirá atuando para que prevaleçam a razoabilidade e a justiça, confiando na reversão desse cenário”, diz a nota. As informações são do jornal O Globo.