O Brasil terá mais um satélite ainda neste mês: o Amazonia 1 será lançado no dia 28 de fevereiro de 2021 a partir da base de Sriharikota, na Índia. O equipamento foi totalmente desenvolvido em território nacional e será destinado para observar e monitorar o desmatamento no país.
Com vida útil de quatro anos, o Amazonia 1 é o primeiro satélite de observação da Terra que foi projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. O desenvolvimento foi coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e a execução foi feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em parceria com a Agência Espacial Brasileira.
De acordo com o Convergência Digital, o Amazonia 1 faz parte do projeto Missão Amazônia e se junta a outros dois satélites brasileiros de sensoriamento remoto, que foram desenvolvidos em parceria com a China. O programa prevê o desenvolvimento e lançamento de outros dois satélites, o Amazonia 1B e o Amazonia 2.
Inicialmente, o Amazonia-1 seria enviado ao espaço no dia 22 de fevereiro, mas uma solicitação do provedor de lançamento pediu adiamento após constatar que o terceiro e quarto estágios demandariam mais tempo de preparação. O equipamento foi transportado para a base da Índia em dezembro de 2020.
Satélite irá monitorar desmatamentos no Brasil
Com objetivo de monitorar desmatamentos, o satélite Amazonia 1 deve auxiliar a fiscalização do desmatamento no Brasil, especialmente na região da floresta amazônica. Além disso, o equipamento irá monitorar a agricultura em todo o território nacional.
O Amazonia 1 irá gerar imagens do planeta a cada cinco dias, e conta com uma espécie de câmera que é capaz de observar uma faixa de aproximadamente 850 quilômetros. O satélite ficará numa altura de 700 km e pesa cerca de 638 kg. Por dentro, ele possui 6 km de fios e 14 mil conexões elétricas.
Desmatamento
Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza registrou que o desmatamento no Brasil cresceu e a aplicação de multas diminuiu. A pesquisa foi feita em 29 países da América Latina, Ásia, África e Oceania que concentram a maior área do planeta que ainda tem floresta. Mas a faixa verde no mapa não para de diminuir.
Em pouco mais de uma década, uma área equivalente ao Marrocos já foi embora por causa da devastação. E o Brasil não está bem na foto nem nos números. O país ficou entre os que mais desmataram entre 2000 e 2018. É o único com duas áreas sendo destruídas simultaneamente: Amazônia e Cerrado.
Em 2020 o desmatamento no Cerrado aumentou 13% em relação a 2019. No mesmo período a Amazônia perdeu mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta, o índice mais alto desde 2008. Segundo o estudo, a mata é derrubada principalmente para fazer pasto, plantação, garimpo e para explorar madeira.
Um dos responsáveis pelo relatório diz que pelo menos 30% dessa derrubada são comprovadamente ilegais, porque acontecem em áreas de preservação ou reservas indígenas. Ele cita outro problema: a fiscalização afrouxou em 2020.
“A quantidade de multas emitidas pelos órgãos de fiscalização diminuiu 42%. Significa menos ilegalidades sendo identificadas e coibidas lá na ponta. Ao mesmo tempo, a faixa de desmatamento está subindo”, disse Edegar de Oliveira Rosa, diretor de Ciências do WWF-Brasil.
Os ambientalistas alertam que muitas das consequências do desmatamento já estão no nosso dia a dia: ondas de calor, estiagens prolongadas e tempestades mais frequentes. Agora, durante a pandemia, os pesquisadores lembram que a devastação também pode afetar a saúde das pessoas.
