Já consagrado pela atuação como o espião James Bond e por filmes como “Os intocáveis”, Sean Connery, que morreu aos 90 anos, recusou papéis em produções que se tornaram algumas das mais icônicas e lucrativas de Hollywood. Entre as propostas “irrecusáveis” dispensadas pelo ator escocês estão filmes como “Matrix” e “Senhor dos Anéis”.
Segundo a rede “CNN”, a escolha original da produção de “Matrix” para interpretar o personagem Morpheus era Sean Connery. Ele recusou o papel e Laurence Fishburne acabou encarnando o mentor de Neo (interpretado por Keanu Reeves), que tem uma participação central na trama do thriller de ficção científica.
Connery também recusou o papel de Gandalf na trilogia “O Senhor dos Anéis” porque ele “não entendia o roteiro”. De acordo com o site especializado em entretenimento “NME”, ele teria perdido aproximadamente US$ 450 milhões ao deixar de atuar na saga. O papel acabou ficando com o ator Ian McKellen e Connery comentou o caso: “Eu li o livro. Eu li o roteiro. Eu vi o filme. Eu ainda não entendo. Ian McKellen, eu acho, está maravilhoso nele”.
O ator teve uma convivência turbulenta com o diretor Stephen Norrington (“Blade”) durante todo o processo. Chegou a dizer que o cineasta deveria ser “preso por insanidade”. Ele ainda teria tentado “salvar” o longa dando pitacos até na montagem das cenas. Porém, “A liga extraordinária” se tornou um grande fracasso de bilheteria e crítica.
Com 94 papéis ao longo de mais de 50 anos de carreira, Connery atuou em sete filmes do espião 007, lançados nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Foi apontado em inúmeras enquetes como o melhor James Bond do cinema.
Como o detetive, estrelou “O satânico Dr. No” (1962), “Moscou contra 007” (1963), “007 contra Goldfinger” (1964), “007 Contra a chantagem atômica” (1965), “Com 007 só se vive duas vezes” (1967), “007 – Os diamantes são eternos” (1971) e “007 – Nunca mais outra vez” (1983).
O sucesso como o espião lhe rendeu uma carreira bem-sucedida. Entre os trabalhos mais conhecidos, estão “Marnie, Confissões de uma Ladra” (1964), de Alfred Hitchcock, “A colina dos homens perdidos” (1965), “Assassinato no Expresso Oriente” (1974), “O homem que queria ser rei” (1975), “O Vento e o Leão” (1975), “Highlander: O guerreiro imortal” (1986) e “Caçada ao Outubro Vermelho” (1990).
Connery também atuou no drama “Os intocáveis” (1987), de Brian de Palma, pelo qual venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante.
Outros personagens de destaque foram o William von Baskerville, no longa “O nome da rosa” (1986), adaptação da obra de Umberto Eco, e o professor Henry Jones no filme “Indiana Jones e a última cruzada” (1989), no qual interpretou o pai do personagem-título.
O ícone do cinema venceu o Globo de Ouro três vezes, o Bafta (prêmio da Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas) duas vezes e acumulou mais de 30 prêmios durante a carreira. Em 2000, recebeu o título de cavaleiro da Ordem Britânica da Rainha Elizabeth II.
O último longa em que Connery atuou foi “A liga extraordinária” (2003), como o caçador Allan Quatermain.
O ator também era conhecido por seu timbre marcante. Dublou personagens de filmes como “Coração de dragão” (1996), dando voz a Draco, e “Sir Billi” (2012), com o qual encerrou a carreira.
Além do filho, Connery deixa a esposa, a atriz Micheline Roquebrune, e o neto, Dashiell.