Em dois dias de visitas técnicas a algumas das maiores lojas de marcas internacionais, a missão empresarial organizada pelo Sebrae/RS, e que esteve na NRF 2018, em Nova Iorque, conseguiu ver e experimentar o que foi amplamente comentado pelos pesquisadores e executivos de grandes empreendimentos mundiais. O principal destaque foi o aprendizado sobre a integração entre o varejo físico (lojas) e o comércio eletrônico via internet.
Na programação, previamente estudada e agendada pelo coordenador de projetos da Gerência de Comércio e Serviços do SEBRAE/RS, Fabiano Zortéa, constaram endereços cujos resultados de vendas e satisfação dos clientes são, de fato, uma referência para empresários, principalmente, os de micro e pequenas empresas em busca de inspiração, conhecimento e exemplo do que dá certo. Na loja Sonos, que é especializada em sonorização de ambientes, na verdade em aparelhos para ouvir som, o conhecimento foi considerado “incrível” pelos gaúchos.
A ideia da Sonos não é a de varejo que expõe os produtos nas prateleiras. Na loja, existem diversos ambientes decorados, simulando uma casa. “Todos os locais são isolados acusticamente e, em cada ‘peça’, há um tipo de equipamento devidamente instalado e funcionado. Ou seja, os consumidores conseguem ter a real noção da diferença de tamanho da sala, do aparelho, da altura do áudio, etc.”, descreve Zortéa. Assim, a tal da experiência de compra é real, é inesquecível, incluindo a comparação entre preço e qualidade de produtos semelhantes instalados no mesmo ambiente.
Em outro exemplo, na Lowe’s Store, uma rede especializada em itens para casa e materiais de construção, o cliente escolhe o produto na prateleira e fica ali mesmo aguardando o vendedor. “O atendimento vai até vocês e efetua a venda/compra. Isso porque a Lowe’s adotou um equipamento chamado POS – máquina para registrar a compra móvel. Se a opção for cartão, tudo bem. O recibo pode ser impresso na hora, pois o vendedor leva a máquina de impressão presa à cintura”, complementa Zortéa.
Segundo as informações que a Lowe’s divulgou, as medidas implementadas pela rede, que é a segunda maior do seu segmento no país, incluíram o layout de loja, passando pela integração online e offline, e o mix de ponto de venda. A missão da Lowe’s é “ajudar os clientes a amarem onde vivem”. Por isso, há diversas telas por meio das quais o consumidor pode fazer o pedido, caso o produto não esteja disponível – a loja posteriormente fará a entrega. Além disso, a empresa tem eletricista e outros prestadores de serviços e faz o aluguel de ferramentas como furadeiras, que costumam ser usadas poucas vezes pelas pessoas. A compra de eletrodomésticos também é feita com terminais que mostram o produto em tamanho natural. Hoje, 60% das compras são feitas pela internet e a pessoa retira o item na loja posteriormente, tendência que tem crescido e revigora o ponto físico.
Para roupas e calçados, tecnologia em abundância
As visitas técnicas da missão empresarial incluíram o segmento de moda com marcas de roupas, calçados e acessório. No dia 17, estavam no roteiro a Uniqlo Flagship Store, a Coach House e a Victoria’s Secret. No dia 18, foram visitadas a Urban Outfitters, a Lulu Lemon Flagship, a Rebecca Minkoff, a Nike SoHo Flagship e a Galeria Melissa.
E foi na Nike que se viu fortemente a questão da exclusividade por cliente. Em um dos andares do endereço no bairro SoHo são feitas customizações dos tênis. “É isso mesmo, há um andar inteiro onde os consumidores podem colocar bordados, adesivos, cores, fotos, cadarços, etc., deixando o calçado do jeito que quiser”, relata o gerente de Indústria, Comércio e Serviços do Sebrae/RS, Fábio Krieger, que também acompanhou o grupo de empreendedores gaúchos a Nova Iorque.
Na loja de roupas e calçados femininos, a Rebeca Minkoff, a surpreendente demonstração ficou por conta dos espelhos dentro de provadores. A loja implantou tecnologia touch e transformou os espelhos em grandes tablets. O dispositivo identifica quais são os produtos que a consumidora levou para provar e oferece serviços, como mudar o tamanho e a cor, além de encaminhar a finalização da compra. Também as pessoas podem tocar nos pontos do espelho onde há serviços e chamar um vendedor, perguntar sobre outras cores e tamanhos, chamar ajuda, etc.
Na Urban Outfitters, a amostra foi de como conjugar os estilos dos produtos entre si. “No primeiro olhar, a loja não faz sentido para quem não é o público-alvo. Trata-se de dispor roupas e calçados próximos de acessórios como bicicletas, mochilas, móveis e até livros sobre o mesmo tema: a vida urbana com jeitão de aventura”, descreve o gerente. Já na Lulu Lemon, de roupas esportivas, a experiência do cliente é mais importante do que o objeto da venda em ordem de contato. Assim, ela realiza, por exemplo, eventos comunitários e os vendedores se comportam como educadores sobre como usar as roupas esportivas e fazer a atividade desejada do jeito correto e saudável.
A feira NRF 2018 ocorreu de 14 a 16 de janeiro e as visitas técnicas nos dias 17 e 18. O grupo gaúcho liderado pelo Sebrae/RS, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL), o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) e a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio/Senac), cumpriu o roteiro de acordo com os perfis dos negócios que participaram.
Fábio Krieger reforça que o objetivo maior da viagem é “proporcionar conhecimento e inspiração para que os participantes possam aplicar melhorias em seus negócios”. No retorno ao Brasil, os empreendedores voltarão com um plano de ação e terão acompanhamento do SEBRAE/RS no desenvolvimento de atividades. Após o período de quatro meses, será realizada uma reunião geral para verificação das ferramentas implementadas.