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Semana Municipal dos Povos Indígenas começa nesta segunda-feira em Porto Alegre com programação virtual

Porto Alegre tem 14 comunidades das etnias mbyá guarani, kaingang e charrua. (Foto: Cesar Lopes/PMPA)

A Semana Municipal dos Povos Indígenas começa nesta segunda-feira (19) e prossegue até o dia 25 com programação exclusivamente virtual devido aos protocolos de prevenção à Covid-19. Em 2021, serão homenageadas as etnias mbyá guarani, kaingang e charrua, que vivem em Porto Alegre.

Para dar visibilidade às comunidades, a SMDS (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social) preparou uma programação em sua página no facebook, contando um pouco de cada povo, suas tradições e expectativas sobre o futuro. Nesta segunda-feira, às 14h, a live Estudantes Indígenas – conquistas e desafios recebe quatro universitários para falar sobre como conciliam os aprendizados das comunidades às vivências da universidade.

Já na sexta-feira (23), a saúde da população indígena é o tema da primeira transmissão ao vivo do dia, às 10h. Em parceria com a equipe de atendimento específico aos indígenas da Secretaria Municipal da Saúde, serão destacadas as principais ações de cuidado com as famílias e como aliar os tratamentos modernos à medicina tradicional das etnias.

Neste mesmo dia, às 14h, as equipes dos Direitos Humanos e do Comirat-RS (Comitê de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas de Tráfico de Pessoas) conduzirão a live Povo Warao: singularidades etnoculturais, trajetórias de vida e luta, sobre os indígenas venezuelanos que estão migrando para Porto Alegre. A página também exibirá na terça-feira (20) e na quinta-feira (22) os vídeos gravados nas aldeias.

Embora a palavra índio apareça no singular na jurisprudência, quando se fala nela a referência é à coletividade humanas, de modo que índio não designa um indivíduo, mas especifica certo tipo de coletivo.

Em Porto Alegre, há nove coletivos kaingang habitando nas partes altas da bacia hidrográfica do Guaíba, em pequenas áreas nos bairros Lomba do Pinheiro, Jari, Safira, Agronomia , nos morros São Pedro e Santana, Tristeza (Morro do Osso), Lami e Belém Novo.

Quatro coletivos guaranis moram em pequenas terras altas e baixas na Lomba do Pinheiro, no Cantagalo, no Lami e no Belém Novo. Desde 2008, um coletivo charrua está territorializado em área reservada municipal, na zona rural da Lomba do Pinheiro.

Além destes, dezenas de famílias indígenas vivem nas vilas e bairros Planalto, Farrapos, Serraria, Vila Nova, Nova Santa Rosa, Glória, entre outros. A Coordenadoria dos Povos Indígenas, Imigrantes e Direitos Difusos da SMDS estima que 827 pessoas vivem nas comunidades indígenas de Porto Alegre.

O coordenador da unidade, Mario Fuentes Barba, afirma que é um privilégio para a cidade ter uma presença indígena diversa e atuante. “Os conhecimentos e os dialetos dessas etnias são o nosso patrimônio imaterial. Também temos o artesanato como patrimônio material. É nossa responsabilidade aproveitar esse saber”, explica Fuentes.

As 14 comunidades da Capital mantêm vivas algumas tradições. Segundo o cacique da aldeia Tekoa Anhenteguá (mbyá guarani), Cirilo Morinoco, eles reúnem-se para cantar e tocar instrumentos como aprenderam com os seus antepassados.

“Aqui, também, temos um pedaço de terra para plantar sementes e raízes que usamos nos nossos rituais”, conta Morinoco. Tanto a comunidade guarani como a kaingang da Lomba do Pinheiro têm escolas bilíngues. Crianças e os jovens recebem o conhecimento formal – como matemática, geografia e língua portuguesa –, sem perder o contato com o dialeto e cultura específicos da etnia.

Para o vice-cacique da aldeia Fág Nhin e Oré Kupry (kaingang), Moisés da Silva, ter um colégio e um posto de saúde nas comunidades é uma forma de perpetuar a cultura indígena. “Não é porque eu dirijo um carro ou tenho ensino superior que eu deixo de ser índio. Ser índio está no respeito à natureza, no trato com as pessoas, na humildade”, destaca o líder da Silva.

Saúde e segurança alimentar

A Prefeitura de Porto Alegre conta com atendimento de saúde específico para a população indígena. Uma equipe itinerante atende às comunidades e aos indígenas que ainda não têm terras demarcadas.

O acompanhamento é feito pela Secretaria Municipal da Saúde, que já imunizou a população indígena com as duas doses da vacina contra a Covid-19. Neste período de pandemia, a Coordenadoria de Segurança Alimentar e a Fundação de Assistência Social e Cidadania fornecem auxílio na alimentação, com distribuição de cestas básicas para as comunidades.

Artesanato

A principal fonte de renda da população indígena é a confecção de cestos, esculturas e outras peças de artesanato. Essa arte foi ensinada por gerações e usa materiais 100% naturais como cipó, vime e pedaços de madeira.

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