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O presidente da CPI das fake news diz que “existem pessoas contratadas para disseminar conteúdo falso no País”

Alvo de uma ameaça de morte feita por e-mail, o senador Angelo Coronel também vem recebendo ataques nas suas redes sociais. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

Foram apenas três sessões em duas semanas, e a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das fake news já mobiliza debates acalorados entre parlamentares em Brasília. O vereador licenciado do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), citado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) como o responsável por administrar as suas redes sociais, foi chamado para falar, esquentando ainda mais a polarização das discussões. No centro do debate, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), que preside a comissão.

Alvo de uma ameaça de morte feita por e-mail, o parlamentar também vem recebendo ataques nas suas redes sociais. Como pano de fundo da discussão, um fenômeno mundial em evidência no país. Um dos principais desafios, diz ele, será investigar a possível propagação de notícias falsas durante o período eleitoral, no ano passado.

Como têm sido as reações no Senado?

“Logo no primeiro dia após a eleição que me colocou na presidência, houve manifestações hostis contra a CPI, que partiram de parlamentares do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Fiquei até surpreso, porque a CPI foi requerida por um parlamentar do Democratas (DEM), partido da base do governo. Após a primeira sessão, as hostilidades de membros do PSL continuaram. Como se quisessem abortar a sequência dos trabalhos. O PSL faz uma oposição radical. Em duas semanas, tivemos três sessões. Acredito que ainda teremos debates acalorados.”

O senhor já recebeu até ameaça de morte após assumir a presidência da CPI das fake news

“Recebi oito e-mails. Em um deles, diziam que eu não sabia com quem estava mexendo. Que iriam encher a minha boca de chumbo. O responsável me mandava mensagens intercaladas, diariamente. Foram oito mensagens, em um período de 15 dias. A polícia foi acionada pelo gabinete, entrou em contato com o Google e descobriu o IP da máquina. Aí, o responsável foi localizado, em Belo Horizonte: um piloto de avião de 33 anos, que criou e-mails falsos. Ele foi ouvido na presença de advogados, da mãe, que é uma policial civil, e de uma equipe do Senado.”

O que ele disse?

“O cidadão disse que estava alcoolizado quando escreveu os e-mails. Disse que ia se retratar. A procuradoria do Senado irá entrar com processo. Espero que isso sirva de lição para conter aqueles que se acham protegidos pelo anonimato da internet”.

Ele tem alguma ligação política?

“Que eu saiba, não”.

O senhor tem recebido ameaças nas redes sociais?

“Tenho recebido mensagens com xingamentos”.

Que tipo de xingamento?

“Venha me prender, vagabundo”, “velho safado”. “Aí, meu amigo, é linchamento virtual. Estamos aferindo se são xingamentos feitos por robôs ou por robôs humanos”.

O senhor acredita que exista uma milícia virtual?

“Sim. Principalmente, na criação do perfil falso, para atingir o alvo anonimamente. Precisamos fazer um combate aos perfis falsos. São pessoas que usam desse tipo de subterfúgio porque acreditam que estão protegidas pelas plataformas digitais”.

Quais os próximos passos da CPI?

“Acredito que a CPI vai despertar grandes emoções nos próximos dias. Na terça-feira [24], vamos nos reunir com as lideranças dos partidos para tentar avançar. Na quarta-feira [25], teremos mais uma sessão deliberativa. Temos quase 100 requerimentos com convocações feitas por parlamentares de pessoas que devem ser ouvidas. O objetivo é que a CPI chegue o mais rápido possível a uma proposta de melhora do marco legal da internet no Brasil”.

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