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Servidores da Abin manifestaram apoio à operação da Polícia Federal que apura a existência de um sistema paralelo e ilegal de espionagem

Para agentes, suspeitas sobre a atuação do ex-diretor Alexandre Ramagem reforçam importância de gestão sem interferência política. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) manifestaram apoio à operação da Polícia Federal (PF) dessa quinta-feira (25), que apura a existência de um sistema paralelo e ilegal de espionagem no órgão. Os agentes pediram respeito aos profissionais da agência e disseram que, caso sejam comprovadas as irregularidades envolvendo o ex-diretor-geral Alexandre Ramagem, o episódio reforça a necessidade de uma gestão independente da instituição.

“Se confirmados os ilícitos apurados, a problemática gestão da Abin por Alexandre Ramagem e seus assessores reforça a importância de a Agência ser gerida por seu próprio corpo funcional, e não por atores exógenos politicamente condicionados, como no governo anterior”, diz trecho do documento divulgado pela Intelis, a União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin.

Os servidores ainda reafirmaram a confiança no trabalho dos profissionais de inteligência e pediram respeito à categoria. “(…) [Os profissionais de carreira] são os maiores interessados na apuração republicana sobre eventuais desvios ou mau uso das ferramentas de Inteligência (…). A Inteligência de Estado tem que ser preservada do debate político partidário, e os profissionais de carreira precisam ser valorizados”, conclui a carta.

Leia, na íntegra a nota dos servidores:

“Nota pública

Os novos desdobramentos das investigações em curso sobre o suposto uso indevido do programa FirstMile indicam ter havido utilização da estrutura e recursos da Abin para práticas de desvios por parte de policiais federais inseridos na Agência.

Se confirmados os ilícitos apurados, a problemática gestão da Abin por Alexandre Ramagem e seus assessores reforça a importância de a Agência ser gerida por seu próprio corpo funcional, e não por atores exógenos politicamente condicionados, como no governo anterior.

Reafirmamos a confiança nos profissionais de carreira da ABIN, que são os maiores interessados na apuração republicana sobre eventuais desvios ou mau uso das ferramentas de Inteligência – semelhantes às utilizadas nos sistemas de Inteligência de democracias consolidadas. A Inteligência de Estado tem que ser preservada do debate político partidário, e os profissionais de carreira precisam ser valorizados.

A ABIN e seus profissionais merecem respeito!”

Operação

A PF deflagrou nessa quinta a Operação Vigilância Aproximada, que cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais, cujos nomes não foram revelados. As diligências ocorrem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro. As ordens contra Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin no governo Jair Bolsonaro, foram cumpridas em endereços dele e no gabinete na Câmara dos Deputados.

A investigação apurou a existência de um sistema paralelo de espionagem ilegal da Abin — os envolvidos são suspeitos de terem usado uma ferramenta ilegal para monitorar, por meio de celulares, a localização de alvos escolhidos, incluindo jornalistas e políticos.

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