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Sete pacientes morrem por falta de oxigênio em cidade do interior do Amazonas

Com hospitais lotados e o número de mortes aumentando, os cemitérios registraram mais sepultamentos. (Foto: Severo Júnior/Arquivo Pessoal)

A prefeitura de Coari, distante 450 km de Manaus (AM) pela via fluvial, divulgou uma nota em que afirma que sete pacientes internados com covid-19 no Hospital Regional da cidade morreram por falta de oxigênio, nesta terça-feira (19). Segundo o texto, Coari deveria ter recebido 40 cilindros de oxigênio na segunda (18), mas a aeronave que levaria os tanques acabou viajando para Tefé (AM) e ficou impossibilitada de retornar, pois o aeroporto não aceita voos noturnos.

O texto culpa falhas de planejamento da Secretaria de Saúde do Amazonas pela falta do insumo, o que prejudicaria as medidas de combate à covid-19 no município. Segundo a nota, 200 cilindros do Hospital Regional de Coari estão retidos pela Secretaria da Saúde — e parte deles estaria aguardando o abastecimento. A prefeitura acusa a o governo de distribuir a outra parte a Unidades Básicas de Saúde ou (UBS) de Manaus.

Após as mortes, uma multidão foi até a porta do hospital para protestar.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde diz lamentar o ocorrido, mas informa que o sistema de saúde na cidade é independente e está sob gestão plena da prefeitura de Coari. O texto ainda diz que o Estado “nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio”.

Ainda na nota, a Secretaria diz que a empresa White Martins atrasou a liberação dos cilindros que seriam enviados de Manaus para Coari, o que teria impossibilitado levar o oxigênio em voo direto. A nota explica que a Secretaria enviou os cilindro a Tefé, para que de lá a carga fosse transportada de lancha para Coari. Porém, houve novo atraso na saída da embarcação.

Crise

Com mais de 232 mil casos e 6,3 mil mortes decorrentes da covid-19, o Amazonas vive um caos no sistema de saúde com hospitais lotados. As unidades de saúde não têm oxigênio suficiente para todos os pacientes, o que fez o governo adotar medidas emergenciais para receber o insumo. O governo da Venezuela é um dos que enviou ajuda ao Amazonas.

A situação é tão dramática que, desde a semana passada, o Estado está enviando pacientes para receber atendimento em outras unidades da federação. No total, 115 pacientes foram transferidos. O transporte dos passageiros é feito em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), que foram adaptadas para essa finalidade.

Um decreto suspende as atividades econômicas não-essenciais até o dia 31 de janeiro. A circulação de pessoas em todos os municípios do Amazonas está restrita entre 19h e 6h.

Com hospitais lotados e o número de mortes aumentando, os cemitérios registraram aumento de sepultamentos. Desde a semana passada, esses locais já operam com horário de funcionamento ampliado e, no Cemitério do Tarumã, há câmaras frias para os corpos serem preservados e não necessitarem ser enterrados em valas coletivas – como no primeiro pico da pandemia, em abril e maio de 2020.

Pará

Em menos de 24 horas, sete pessoas de uma mesma família moradora do distrito Nova Maracanã, da zona rural do município de Faro, no Oeste do Pará, morreram com sintomas da covid-19.

Três mulheres e quatro homens (bisavó, avó, avô, mãe, pai, 2 tios) não resistiram muito tempo após complicações respiratórias entre a segunda-feira (18) e esta terça (19). A Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade não tinha cilindros de oxigênio.

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