O SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) publicou no domingo (30) uma nota em apoio aos tripulantes do voo da GOL em que Samantha Vitena, uma mulher negra, foi retirada na sexta-feira (28) por agentes da PF (Polícia Federal), segundo ela, sem motivo, só com a informação de queria seria uma “ordem do comandante”.
De acordo com o sindicato, é prerrogativa do comandante do avião decidir pelo desembarque “de qualquer passageiro que atente contra a ordem, disciplina e segurança da operação, devendo fazê-lo sempre que necessário”. Em nota, a companhia aérea disse que Vitena não aceitou colocar sua bagagem nos locais corretos e, “por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.
“O comandante e a tripulação agiram de forma a proteger a segurança da operação, o bem coletivo e a continuidade do voo em respeito aos usuários do transporte aéreo, tendo nosso apoio integral e certeza que atuaram com respaldo na lei, na ética profissional e o mais importante, na garantia da segurança de voo”, diz a entidade.
“O comandante e a tripulação agiram de forma a proteger a segurança da operação, o bem coletivo e a continuidade do voo em respeito aos usuários do transporte aéreo, tendo nosso apoio integral e certeza que atuaram com respaldo na lei, na ética profissional e o mais importante, na garantia da segurança de voo”, diz a entidade.
Além disso, o SNA declarou que “não compactua” com as acusações de racismo atribuídas aos tripulantes por conta do episódio e falou ainda em uma “tentativa de manipulação da verdade”.
Em vídeo que registrou o momento, é possível escutar uma voz feminina que disse: “Isso é racismo”. Em pronunciamentos, os ministérios da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e das Mulheres apontaram a existência de práticas consideradas racistas na atuação da GOL e da PF contra Samantha Vitena.
“Repudiamos veementemente o uso indevido de uma luta necessária, importante e legítima, que apoiamos, que é a luta contra o racismo, manipulando fatos, na busca de criar uma cortina de fumaça para esconder comportamentos inadequados que não devem e não serão tolerados”, afirmou o SNA.
Entenda
A mulher afirmou que foi retirada de voo da Gol na noite da sexta-feira (28) por agentes da PF sem ter sido informada do motivo pelo qual deveria deixar o avião. Em nota, a companhia aérea declarou que Samantha Vitena não aceitou colocar sua bagagem nos locais corretos e, “por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.
Em seu perfil no Instagram, a passageira Elaine Hazin – que estava no mesmo voo – compartilhou um registro do ocorrido. No vídeo, é possível escutar um dos agentes da PF afirmar que a ação para retirar a mulher negra do avião era “uma ordem do comandante”.
Segundo o relato, a mulher não estava encontrando um lugar no avião para guardar sua mala em que estava seu notebook e, por esse motivo, teria sido obrigada a despachar sua bagagem com o aparelho. Entretanto, logo depois, conseguiu um lugar para levar seus pertences na aeronave “e nem mesmo assim o voo decolaria”.
“Porque, se eu despachasse o meu laptop, [o aparelho] iria ficar em pedaços. Os comissários não moveram um dedo para me ajudar […] Em 3 minutos, a gente conseguiu dar um jeito e colocar minha mochila. Pelo contrário. Os comissários falaram para mim, que se a gente pousasse em Guarulhos, a culpa seria minha, porque eu não queria despachar a mochila […] Faz mais de 1 hora que eu coloquei a mochila aqui e, mesmo assim, o voo não decolou. E a culpa seria minha”, disse Vitena.
No fundo do vídeo, também é possível escutar queixas de outros passageiros que estavam no voo 1575. “Isso é racismo”, disse uma voz feminina. “Eu nunca vi um negócio desse na minha vida”, afirmou outra pessoa que estava no avião.
Em nota, a PF reafirmou a versão da Gol e disse que “o comandante exerce autoridade desde o momento em que se apresenta para o voo até o momento em que entrega a aeronave, tendo autonomia para solicitar apoio da Polícia Federal”. Segundo a corporação, as circunstâncias do fato estão sendo apuradas.
Em seu posicionamento, a companhia aérea também afirmou que segue investigando “cuidadosamente” o episódio. “Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções”, disse.