Domingo, 25 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2022
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse nesta terça-feira (22) que a situação no Irã é “crítica”, ao descrever o endurecimento da resposta das autoridades aos protestos que resultaram em mais de 300 mortes nos últimos dois meses.
“O número crescente de mortes causadas por protestos no Irã, incluindo os de duas crianças no fim de semana, e o endurecimento da resposta das forças de segurança, sublinham a situação crítica no país”, disse um porta-voz do chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk, em uma reunião de imprensa em Genebra.
A República Islâmica tem sido dominada por protestos nacionais desde a morte da mulher curda Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia moral, em 16 de setembro, depois de ser presa por usar roupas consideradas “inadequadas”.
Teerã culpou os inimigos estrangeiros e seus agentes por orquestrarem os protestos, que se tornaram uma revolta popular dos iranianos de todas as camadas da sociedade, colocando um dos desafios mais ousados aos governantes clericais desde a revolução de 1979.
A seleção que representa o Irã na Copa do Mundo do Catar se recusou a cantar o hino nacional do país na estreia da equipe no Mundial na última segunda-feira (21), em sinal de apoio aos protestos.
O Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos disse que mais de 300 pessoas foram mortas até o momento, incluindo mais de 40 crianças. Essas mortes ocorreram em todo o país e foram relatadas em 25 de 31 províncias.
No mesmo comunicado, o porta-voz Jeremy Lawrence também expressou preocupação com a situação em cidades majoritariamente curdas, onde foram relatadas mais de 40 pessoas mortas pelas forças de segurança na última semana.
Jornal fechado
O jornal econômico Jahan-é Sanat foi fechado por publicar matérias que acusavam as forças de segurança no Irã, país abalado por protestos pela morte da jovem Mahsa Amini, anunciou a agência de informação da autoridade judiciária nesta terça.
“O jornal Jahan-é Sanat (“O mundo da indústria”) foi fechado na segunda-feira devido à violação das resoluções do Conselho Supremo de Segurança Nacional”, anunciou Mizan Online, citando um comunicado do Ministério da Cultura.
O fechamento do jornal deve-se a “um artigo publicado no sábado (19) pelo jornal que continha acusações contra a polícia e as forças de segurança”, disse a fonte.
No final de outubro, o jornal reformista Sazandegi informou que “mais de 20 jornalistas permaneciam detidos”. Outros jornalistas foram convocados pelas autoridades, acrescentou o jornal.
Dezenas de pessoas, principalmente manifestantes, mas também membros das forças de segurança, morreram desde o início dos protestos em 16 de setembro. Milhares de pessoas foram detidas, incluindo vários jornalistas, durante as manifestações.