A exemplo do que ocorreu nos dias 27 de março e 4 de abril, neste sábado (18) Porto Alegre voltou a ter carreatas pedindo a reabertura do comércio ou mesmo o fim das medidas de isolamento social contra o coronavírus na capital gaúcha e Região Metropolitana. O protesto durou aproximadamente duas horas desde o bairro Navegantes (Zona Norte) até o Parcão (Moinhos de Vento) e dividiu opiniões, sob vaias e aplausos.
Organizada pelo deputado estadual e ex-secretário Ruy Irigaray (PSL), a manifestação contou com o reforço de um caminhão de som, em um trajeto monitorado de perto por agentes da BM (Brigada Militar) e EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação). Alvo de apoio e repúdio, em determinados trechos a carreata recebeu buzinaços de apoio, ao passo que em outros a recepção se deu com vaias, panelaços e até mesmo o arremesso de ovos.
Falando em “histeria generalizada”, “esquerdistas de janela” e “Bolsonaro tem razão”, Irigaray argumentou que, devido ao fato de ainda não se ter uma vacina contra Covid-19 e que esse aspecto deve se manter por um longo período, a população não pode “ficar refém em suas próprias casas”. “Infelizmente, temos que voltar às atividades, com bons hábitos de higiene, afinal as pessoas precisam trabalhar para se alimentar”.
Os veículos passariam em frente às sedes do Palácio Piratini e da prefeitura, mas o itinerário foi modificado. Ao passar em locais como a rua Bento Martins (Centro Histórico) e na avenida Erico Verissimo (bairro Meninos Deus), os carros foram recebidos com ovos e gritos de “Fascistas!” e “Fora Bolsonaro!”, dentre outras manifestações de repúdio. Não há uma estimativa oficial sobre o número de participantes.
Para convocar os simpatizantes da causa para o ato, Irigaray e outros defensores da reabertura do comércio e do fim do isolamento social utilizaram redes sociais como o Facebook e o Instagram. Um novo evento está marcado para este domingo na avenida Goethe, a partir das 14h.
Tentativa de impedimento
Os decretos estadual e municipal que declararam estado de calamidade pública e determinaram medidas de isolamento social por causa da pandemia proíbem, até segunda ordem, eventos em local fechado ou aberto em vias e logradouros públicos ou privados, independentemente da finalidade, duração ou outras justificativas.
Por esse motivo, na sexta-feira (17) o Sintrajufe (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União) havia ingressado com um pedido de liminar pedindo a proibição da carreata manifestação contra as medidas de distanciamento social. Mas a Justiça negou a solicitação, que também contou com as rubricas do Cpers/Sindicato e do Sindibancários (Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região), que chamaram o protesto de “marcha da ignorância”.
(Marcello Campos)
