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Sobe para quatro o número de mortes por suspeita de contaminação de cerveja

O Ministério da Agricultura informou nesta quinta que identificou a presença dos contaminantes em oito produtos da Cervejaria Backer. (Foto: Reprodução)

A secretaria estadual de saúde de Minas Gerais informou nesta quinta-feira (16) que houve quatro mortes por síndrome nefroneural e que 18 outros casos são investigados por suspeita de intoxicação por dietilenoglicol presente na cerveja Belorizontina, da fabricante Backer.

Até esta quinta-feira (16), foram notificados 18 casos suspeitos de intoxicação exógena por Dietilenoglicol. Desses, 16 pessoas são do sexo masculino e duas, do feminino. Quatro casos foram confirmados e os 14 restantes continuam sob investigação, uma vez que apresentaram sinais e sintomas com relato de exposição.

Um dos óbitos está entre os quatro casos em que foi confirmada a presença da substância dietilenoglicol no sangue. Trata-se de um homem, que esteve internado em hospital de Juiz de Fora e faleceu no último dia 7.

Já os outros três casos de óbito estão entre os 14 casos em investigação. Trata-se de um homem, que faleceu no dia 15, em Belo Horizonte; um homem, que faleceu nesta quinta-feira, em Belo Horizonte; e de uma mulher, que faleceu no dia 28 de dezembro, em Pompéu. Esses pacientes estão entre os casos suspeitos e a confirmação sobre a causa da morte depende do resultado de análises laboratoriais, segundo a secretaria.

“Com base nos resultados da análise pericial realizada pela Polícia Civil, a Vigilância Sanitária Estadual determinou a interdição cautelar dos lotes L1 1348 e L2 1348 da cerveja Backer Belorizontina. A interdição nacional dos mesmos lotes foi determinada pela Anvisa. Em decorrência das últimas evidências obtidas a recomendação vigente é de que, por precaução, nenhuma cerveja produzida pela Cervejaria Backer, independente de marca e lote, seja consumida”, diz a secretaria estadual de saúde.

Oito produtos

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou nesta quinta que identificou a presença dos contaminantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol em oito produtos da Cervejaria Backer. Além das marcas Belorizontina e Capixaba divulgados anteriormente, foram encontradas as substâncias tóxicas nas marcas Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. Até o momento, as análises realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária constataram 21 lotes contaminados.

“O Ministério segue atuando nas apurações administrativas para identificar as circunstâncias em que os fatos ocorreram e tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado pelas cervejas contaminadas. Ressaltamos que a empresa permanecerá fechada até que se tenha condições seguras de operação e os produtos somente serão liberados para comercialização mediante análise e aprovação do Mapa”, disse a Pasta. “Todos os produtos fabricados pela Cervejaria Backer já estavam e continuam sendo retirados do mercado, por recolhimento feito pela própria empresa e por ações de fiscalização e apreensão dos serviços de fiscalização.”

Inquérito

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que o inquérito que investiga a contaminação das cervejas por dietilenoglicol segue em andamento. Nesta quinta-feira, duas pessoas foram ouvidas na 4ª Delegacia de Polícia Barreiro, onde tramita o procedimento. Paralelamente, investigadores, peritos do Instituto de Criminalística e funcionários do Ministério da Agricultura realizaram novas perícias na cervejaria.

À tarde, a Polícia Civil e o Ministério da Agricultura cumpriram mandados de busca e apreensão na empresa química fornecedora, localizada em Contagem. Documentos e produtos químicos foram recolhidos e encaminhados para a perícia.

Dentre as testemunhas ouvidas está um ex-funcionário da distribuidora de insumos (empresa química) e o ex-funcionário da cervejaria.

Os advogados da cervejaria apresentaram o ex-funcionário da empresa química para prestar depoimentos. Eles tiveram amplo acesso à produção desta prova (depoimento), tendo, inclusive a oportunidade de fazer perguntas, levando cópias dos depoimentos.

“Cumpre ressaltar que tanto o monoetilenoglicol e dietilenoglicol são substâncias tóxicas e foram encontradas em todos os materiais recolhidos e analisados até o presente momento”, informou a polícia.

Em comunicado divulgado na quarta-feira (15), a Backer informou que “estruturou uma equipe especializada, que desde ontem atua para prestar assistência e fornecer o apoio necessário aos pacientes e seus familiares. A empresa se solidariza com essas pessoas, compartilha da mesma dor que eles vivem nesse momento, e reforça sua atenção e seu compromisso em disponibilizar todo o suporte necessário para cada um deles. A Backer está aberta para receber o contato desses familiares sempre que desejarem e continua colaborando com as autoridades e verificando seus processos para contribuir com as investigações e ter respostas o quanto antes. O contato exclusivo para os familiares é (31) 3228-8859, de 8h às 17h”.

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