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“Sou uma Juma aposentada”, brinca Cristiana Oliveira sobre a novela Pantanal

Cristiana Oliveira viveu Juma Marruá em “Pantanal”. (Foto: Reprodução/Instagram)

A atriz e empresária Cristiana Oliveira, 56 anos, relembra sua eterna Juma Marruá, de Pantanal (1990) — e afirma que aceitaria um papel no remake da novela que a Globo programa para 2021.

1) O que achou do anúncio de um remake de Pantanal?

Chocante, não é? Incrível o poder que uma novela tem, mesmo depois de trinta anos. As pessoas ainda me param na rua e falam: “Você não é a Juma?”. Eu brinco que sou uma Juma aposentada. Foi um frenesi na época: as pessoas se aglomeravam em aeroportos e fechavam ruas para poder ver a gente.

2) Aposta em alguma atriz para interpretar a nova Juma Marruá?

Desde a notícia do remake, garotas de todas as idades me mandam mensagens com currículos anexos, implorando para eu levar o nome delas aos diretores. Sinto dó, porque não tenho nada a ver com a escolha do elenco. Não desmerecendo o talento das atrizes que vi sendo cotadas, achei todas um pouco velhas. Juma é uma jovem ingênua e genuína em sua essência. Se acharem uma garota do próprio Pantanal, que nunca apareceu na televisão, seria fantástico.

3) Se a chamassem para um papel no remake, aceitaria? Aceito na hora.

Acredito que os diretores têm suas escolhas, e não ficaria triste se não me chamassem. Assistiria à novela e me emocionaria do mesmo jeito, e me sentiria lisonjeada. Mas eu gostaria muito de fazer a personagem Filó, que era da Tânia Alves.

Paisagem

Quando estreou, em 27 de março de 1990, “Pantanal” ofereceu um serviço extra ao público brasileiro: uma possibilidade de fuga da catástrofe socioeconomica iniciada na semana anterior pelo confisco das poupanças no governo Collor. As longas tomadas das paisagens espetaculares e da fauna de jacarés, tuiuiús e onças pintadas, o enredo de lendas folclóricas e, claro, os deliciosos banhos de rio cheios de nudez devolveram um pouco de tesão a uma população broxada por mais um plano econômico nefasto, traída pelo primeiro governo democraticamente eleito em 29 anos.

Assim que a TV Globo anunciou a intenção de fazer um remake da novela no ano que vem, fui resgatar a ótima publicação dos professores Beatriz Becker e Arlindo Machado, “Pantanal: a reinvenção da telenovela”, que contextualizou o sucesso da trama de Benedito Ruy Barbosa naqueles tempos de angústia, mas também de agenda ecológica pré-Rio-92.

Fazia tempo que, intimamente, não dávamos valor ao ar livre e à Natureza, relegando as discussões ambientais aos embates políticos, como se elas não afetassem nosso dia a dia. Escritórios de futurologia apostavam numa vida voltada para a rua e uberizada, com lares menores e temporários em nome de uma logística de intensos deslocamentos — um ritmo ditado pelo tempo frenético e desatento da Internet e das redes sociais, em que o parecer vence o ser e o bem-estar.

Esses escritórios só não contavam com o pequeno vírus. Ante o confinamento e o distanciamento social impostos pela Covid, quem não se pegou divagando sobre a falta que fazem um quintal, uma sombra de árvore e uma hortinha para chamar de seus? Sobre a possibilidade de dar aos filhos um recreio fora do Zoom e a si próprio uma chance de se reabastecer de energias mais simples? Não é à toa que a procura por casas de campo ou praia cresceram barbaramente nos últimos meses e que muitos, com o advento do home office, cogitam só voltar à cidade esporadicamente. Nunca vou esquecer o dia em que eu mesmo, criatura da cidade, chorei feito bebê ao tirar os sapatos e colocar o pé na grama pela primeira vez no sítio da família, após cinco meses sem sequer entrar no elevador.

Mas o Brasil das paisagens de novela está ardendo e desaparecendo. As chamas não lambem apenas a Amazônia, como também o próprio Pantanal, que registra a maior seca em 47 anos, agravada pela intensificação das queimadas criminosas — 10% do bioma já foram destruídos em 2020.

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